Lá
Dezoito anos atrás eu chegava em casa pela primeira vez.
E por dezoito anos observei a mesma vista pela mesma janela. Em dezoito anos vi
minha mãe decorar o apartamento de um, dois, três, dezoito jeitos diferentes.
Por uns doze anos corri pela mesma rua, jogando bola com os mesmos vizinhos até
decidirmos que éramos legais demais pra aquilo. Na verdade não com os mesmos,
pois uns vieram, outros foram, mas eu continuei ali. No mesmo lugar. Há uns
quatro anos foi bem ali, naquela pracinha, no banco do lado dos balanços, que
dei meu primeiro beijo. Há dois foi na mesma praça que enchi a cara pela
primeira vez e no mesmo banco que deitei desacordada por horas a fio.
Há dois meses foi ali, no edifício número
78, apartamento 401, segundo quarto a direita que vibrei de felicidade quando
passei pro curso que eu queria. Psicologia. Em duas horas liguei pra todo mundo
que podia, e agitada resolvi que já deveria começar a planejar minha vida. Foi
quando a ficha caiu. Sabe, a faculdade ficava a 1300 km da minha cidadezinha do
interior. Eu não veria mais o mesmo mundo que vi por dezoito anos. Não sairia
pra tomar café com mamãe na padaria da esquina porque a gente não se lembrou de
comprar o pó. Não ouviria os mesmos passarinhos cantando da árvore aqui da
frente, nem as maritacas que por tanto tempo me irritaram e hoje só queria que
fizessem bastante barulho. E elas estão incrivelmente silenciosas. Justo hoje.
Hoje que é o dia da mudança. Passei a semana
toda empacotando, encontrando coisas que não sabia que existiam mais. Fotos
reveladas que achei que só tinha na memória. Quando terminei, meu quarto meio
vazio me deu um vazio tão grande. Mas no fundo eu sei que não passa de um
espaço pra preencher com novas experiências, novas memórias e novas primeiras
vezes.
Rita
O tema foi tratado de forma diferente e aproxima bastante os leitores com operadores de intimidade além da história narrada (que é a realidade de muitas pessoas que estudam longe de suas cidades e precisam se mudar...)
ResponderExcluirO tom do texto é de nostalgia e familiaridade. O leitor acaba se envolvendo mesmo, e gostei muito da frase final.
ResponderExcluirGosto da simplicidade e sensação de fim e começo que você trata o texto. É de fácil identificação com o leitor que, mesmo não vivendo a situação em si, pode relacionar com diversas separações da vida. Dialoga com o leitor.
ResponderExcluirClaramente qualquer um, que tenha se mudado, que ler sua crônica vai se identificar e relembrar do momento que se mudou. Seu texto captura o leitor em uma saudade gostosa e é leve, gostei bastante!
ResponderExcluirClaramente qualquer um, que tenha se mudado, que ler sua crônica vai se identificar e relembrar do momento que se mudou. Seu texto captura o leitor em uma saudade gostosa e é leve, gostei bastante!
ResponderExcluirAmei a maneira como você conduziu o texto e abordou o tema de maneira tão delicada. Me identiquei, muito! Parabéns <3
ResponderExcluirGostaria apenas de dizer que meu endereço antigo é quase exatamente esse do texto, de tão identificável! kkkkkk não vi exercício de cidadania porém foi perene! Bem leve e envolvente!
ResponderExcluirGostei mt do tom nostálgico q vc deu ao texto. Além de perene, gostei mt dos recursos narrativos de aproximação ao leitor. Cativante. E a mensagemdo texto foi ótima, estamos sempre a recomeçar alguma coisa na vida! Parabéns
ResponderExcluirSimplesmente amei! Parabéns!!!!
ResponderExcluirSimplesmente amei! Parabéns!!!!
ResponderExcluirExcelente texto. A leitura é boa, e cativa o leitor. Foi muito bem escrito e trabalhado, e é muito legal como você transforma o vazio em algo positivo. Parabéns!
ResponderExcluirAchei bem interessante a forma positiva com que o autor trata a mudança radical em sua vida, pois é algo que geralmente é bastante difícil para as pessoas. A leitura foi bem leve e permitiu altas reflexões. Muito bom.
ResponderExcluirEssa crônica causa bastante empatia, é fácil se envolver com os sentimentos de quem narra. Parabéns!
ResponderExcluirO forma como foi narrada a história faz com que o leitor se identifique facilmente com esta fase da vida que foi narrada. A perenidade enriqueceu o texto.
ResponderExcluirachei muito boa a maneira que vc fez o texto, o que facilitou a comunicaçao com o leitor
ResponderExcluirMuito bom esse texto, adorei o jeito que você escreveu, utilizando uma linguagem muito bem pensada. Bom trabalho, muito perene e fácil de se identificar.
ResponderExcluirMuito bom o texto, já prende o leitor na primeira frase, além de ser de fácil identificação da maioria, e por isso se aproximar bem do leitor. Só achei o segundo paragrafo lento. Mas em uma visão geral foi uma boa abordagem do tema e um ótimo texto!
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