domingo, 25 de setembro de 2016

      País das Maravilhas

Ela chegou em casa após mais um dia daqueles. Daqueles a que já tinha se acotumado, cheio de obrigações e compromissos que cada vez mais a entediavam. Vivia preocupada com tudo, família, trabalho, separações da casais famosos, golpes presidenciais, episódios de suas séries favoritas, um monte de coisas, muitas que não eram do seu bico. Se via pensando alto entre um intervalo e outro mas não conseguia achar qualquer solução mágica para seus problemas, tipo essas que aparecem em comerciais de desodorantes ou em filmes da Disney e tals, era sempre mais do mesmo e isso a deixava mais preocupada ainda. Seu pouco tempo livre ela usava para lazer e descanso, ou seja, saía às vezes, assistia TV, curtia fotos, refletia sobre várias coisas aleatórias e dormia. Naquele exato momento ela já estava debruçada em cima da cama, acordada e praticando suas reflexões. Seu pensamento era profundo. Pensava em como sua rotina tinha se tornado repetitiva e sem graça. Imaginava ali como seria o rumo dos que não tinham essas amarras, os senhores do tempo, aqueles que podiam fazer o que quisessem. E era justamente isso que ela queria. Tempo. Pra sair mais, conhecer mais, aproveitar mais, nem que fosse pra ir no balanço da pracinha da rua ao lado, ou no bar do Seu Dantas jogar conversa fora. Só que era um sonho distante. Logo se deu conta da realidade e percebeu que não tinha como fugir dela, não por muito tempo. Suspirou e adormeceu, tentando encontrar o seu país das maravilhas no infinito mundo dos sonhos.
Do outro lado do mundo, ou melhor, em um mundo totalmente diferente, uma outra figura estava se preparando para cair no sono também. Aliás dormir era o que ela fazia quase o dia todo. Tempo não faltava. Passava o dia isolada, fazendo nada além de pensar e dormir. Não tinha compromissos e nem obrigações. No momento estava debruçada em cima da cama pensando em seu passado. Queria revivê-lo. Gostava do tempo em que vivia ocupada fazendo mil coisas ao mesmo tempo. Imaginava como eram sortudos aqueles que podiam aproveitar os momentos, desde simples cochichos até as mais bizarras risadas. Breve saudosismo. Fechou os olhos e adormeceu, na esperança de voltar ao seu país das maravilhas. 


                                                                                       SenhorAlguém

10 comentários:

  1. Gostei bastante, nao tenho o q criticar

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  2. nos faz refletir sobre a constante insatisfação que as pessoas vivem, achando que a vida dos outros é sempre melhor. Parabéns

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  3. nos faz refletir sobre a constante insatisfação que as pessoas vivem, achando que a vida dos outros é sempre melhor. Parabéns

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  4. O texto é muito bom e realmente deixa uma reflexão após sua leitura. Apresenta uma visão mais ampla da realidade pois ao mostrar duas narrações de mundos diferentes e opostos nos mostra como a inveja e a cobiça por aquilo que não se tem é algo comum dentro do ser humano.

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  5. Não enxerguei muito a inveja, mas gostei da maneira que foi posta uma crítica para o modo em que vivemos e como queremos ter o não temos.

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  6. Texto mt bom, porém n vi mt a inveja sendo relatada pelo menos no q tange ao segundo relato, se assemelha bem mais a alguém que sofre com depressão. Mas mt boa a problematica levantada.

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  7. Gostei muito do texto, achei muito bem escrito. A inveja talvez tenha sido abordada de forma fraca, mas ainda assim é visível. Muito bom também o fato das situações opostas, mostrando que nunca estamos completamente satisfeitos.

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  8. Confesso que a inveja não ficou bem explicitada, mas a crítica sobre o sempre querer o que não se tem foi bem passada.

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  9. Gostei da referência ao contexto político atual, mas o texto passou uma vibe mais de saudosismo do que de inveja

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  10. Até dá para identificar a inveja, mas ficou um texto um tanto maçante e a abordagem foi um pouca chata.

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