domingo, 25 de setembro de 2016

BOSTEJANDO PELOS DEDOS
      Era o terceiro bar da noite. Era uma madrugada como outra qualquer. Cachaça e sinuca. Preferia cerveja, mas o frio não me permitia. No final do dia (ou início), algo um tanto quanto inusitado me acontece. Resumindo: eu totalmente bêbado, fui abordado por uma velhinha beirando os 80 pedindo ajuda para voltar para casa. Ela estava sozinha, e além disso era cega e esquizofrênica. Repetindo, eu estava totalmente bêbado. Repetindo novamente, cega e esquizofrênica. Ou seja, fodeu. Nunca se imagina que uma coisa dessas possa acontecer com você, mas tudo acabou bem. Tirando a parte que me estressei na polícia e alguns endereços errados que bati na madrugada. Pulando para o final da história, eu consegui deixar a coroinha na casa de uma amiga, final feliz (pelo menos para ela).
      Esse pouco que escrevi, talvez seja apenas um terço de toda odisseia que foi. Por meio desse texto pretendo deixar claro apenas uma frustração da minha vida, a odisseia eu deixei para outro. Quando cheguei em casa depois do acorrido, ainda tonto me sentei para escrever de fato, tudo que aconteceu. Todo o perrengue me deixou um pouco sóbrio, e para me manter melhor peguei uma garrafa de vinho barato. Sei lá se Cantina da Serra pode ser considerado vinho, enfim.
      Escrevi, escrevi e escrevi. Mas que bosta! O que será que tem de errado na minha escrita? Querer uma vida como Bukowski, Hunter Thompson ou Hemingway eu posso estar romantizando demais também. Mas o que esses caras têm que eu não tenho? Está bem, não precisa responder, eu sei que eles têm uma boa escrita e eu não, mas como? Como? Existem milhares hoje em dia se entorpecendo tentando se tornar grandes escritores, e eu sou um desses. O que me alivia é pensar que o Bukowski passou anos e anos de sua vida com trabalhos braçais e pesados até conseguir viver de seus romances e poemas.  Ainda há tempo, Arnold! Mas que merda, do que preciso a mais para me tornar um desses babacas geniais?


Arnold de Moraes, O babaca

9 comentários:

  1. Foi engracadinho, o que é otimo considerando que era meio que um desabafo e drama.
    Ps. melhor frase foi a da cantina hahah adoro

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  2. O texto ficou leve, divertido e por isso gostoso de ser lido até o final. Gostei de como exemplos cotidianos estiveram presentes e da estratégia narrativa de aproximação com os leitores.

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  3. Texto mt bom, principalmente no q diz respeito aos recursos utilizados de aproximação ao leitor. As referências tb foram mt boas. Parabéns.

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  4. O texto é leve e engraçado, e usa bastante uma certa oralidade. As referências -tanto à Cantina, quanto aos autores- foram muito boas. Bom texto.

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  5. O texto é engraçado e leve, além de trazer muitas referências.

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  6. Achei divertido, e foi inteligente em trazer referências universais.

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  7. O incio é um pouco chato e cansativo. Mas de uma forma geral foi um dos melhores a abordar a temática

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