sábado, 24 de setembro de 2016

Eu queria
    Eu queria do fundo do meu coração ser um bom escritor. Ou melhor, do fundo da minha mente. Porque é ela quem mais me deixa na mão. Não importa o tempo que eu fique sentado em frente a esse caderno, não saem nada além de rabiscos, ideias inúteis e... Muita frustração.
     Eu queria simplesmente ter uma boa ideia, sentar, escrever e em cinco minutos ter quase uma obra shakespeariana na minha frente. Mas tudo que eu consigo imaginar é breu. Eu queria ser capaz de dizer em vinte e cinco linhas o quanto eu fico indignado com as mazelas sociais que existem graças ao capitalismo. Mas tudo que eu construo me parece fútil demais, raso demais. Eu queria ser capaz de denunciar um escândalo ou uma injustiça através de uma metáfora em crônica. Mas tudo que eu penso não faz o mínimo sentido dentro do meu próprio raciocínio.
    Eu queria conseguir surpreender os leitores no final desse texto. Que me perdoem então, pois não consigo sucesso nessa tarefa também. Eu queria pelo menos 1% da inspiração que têm os grandes escritores, os médios ou até os minúsculos, que sejam. E mais uma vez, eu falho. Eu queria conseguir escrever alguma coisa que fosse útil pra alguém, que fosse útil pra despertar uma reflexão ou até mesmo uma risada. Mas adivinhem? Não sou desses escritores que conseguem. Eu queria ser.
    Parece que meu talento não é pra contar histórias e sim pra fracassar e me frustrar comigo mesmo. Talvez seja assim que eu consiga progredir algum dia na vida e chegar um pouco mais perto de todos aqueles que fazem o que eu gostaria tanto de fazer, com sucesso. Quem sabe?!
    Bem, costuma-se dizer por aí que “nem sempre temos aquilo que queremos”. Pois então, eu sou a prova viva disso.

Ba2007

8 comentários:

  1. Gostei da texto e a inveja ficou bem implicita (talvez um pouco demais) e foi tratada de forma diferente do que eu esperava!

    ResponderExcluir
  2. Abordou a temática de modo positivo, manteve um tom introspectivo no texto e com uma linguagem simples e prática.Usou bem o recurso da referência ao Shakespeare, já que ele é uma personalidade conhecida ao longo do tempo. Gostei.

    ResponderExcluir
  3. O texto se constrói de forma bem suave e simples, e o melhor, foi que ele trouxe significado de inveja mais central.
    Muitas pessoas costumam confundir com a cobiça, o texto não fez essa confusão. Ficou bem claro que o protagonista não quer necessariamente o talento dos outros, mas sim que ele fica triste por não ter o mesmo talento.

    ResponderExcluir
  4. Bom texto, mas creio que se fosse acrescentado mais fatos cotidianos ficaria melhor.

    ResponderExcluir
  5. Achei a inveja pouco trabalhada, ao terminar de ler o texto senti que foi mais um desabafo da sua frustração por não conseguir escrever, do que inveja por não conseguir escrever como àqueles que admira.

    ResponderExcluir
  6. O recurso da metalinguagem presente no texto foi trabalhado de uma forma bem legal, sem deixá-lo "redundante". É uma crônica perene, tanto pelas referências, quanto pelo fracasso que faz parte da vida humana.

    ResponderExcluir
  7. O texto foi bem construído. Achei que o tema foi abordado sutilmente. Por um breve momento ao ler eu relembrei um dos textos do tema anterior. Ambos se parecem na construção.

    ResponderExcluir
  8. A inveja se deu de uma forma sútil e eu gostei bastante. Texto bastante perene e fácil de ler.

    ResponderExcluir