Do céu ao inferno
Ela estava solteira havia dois meses. Tinha sido jogada pra escanteio pelo próprio príncipe da sua vida depois de três anos de namoro. Após muito chorar, decidiu finalmente aceitar o convite dos amigos de ir para uma festa. Ela precisava levantar aquela cabeça. E assim foi, no lugar das lágrimas, agora muita base e máscara de cílios. Ela estava decidida de que o dia de seguir em frente não passava daquela sexta.
Quando chegou no local da festa ela viu muitas coisas que com certeza a faria esquecer até que aquele ex-príncipe existia. Música boa para dançar, gente nova para conhecer e cerveja em um preço promocional durante a noite toda. Ela riu muito e tomou umas cervejas. Dançou todas as coreografias que sabia e emendou mais algumas cervejas. Foi paquerada por vários caras gatos e depois, cervejas. A noite estava ficando cada vez melhor... Até aquele instante.
Ela o viu. Sim, ele. O ex, o cara por quem foi – e ainda era – apaixonada. Aquele que dizia que a amava e que estaria presente em todos os momentos de sua vida. E, realmente, ele estava lá. Pena que seus olhares não se cruzaram, suas bocas não se sentiram naquela noite e nem se sentiriam mais. A boca dele estava em outra boca. Os olhos dele nem sequer notaram a presença dela ali.
Então ela desabou. Chorou tudo de novo, deixou escorrer a maquiagem e a alegria que havia colecionado horas antes. Tudo que queria ali não era a música, nem nenhum gato que cursasse medicina. Nem as cervejas faziam mais sentido. Ela queria correr ao encontro dele. Dizer o quanto estava lindo e que sentiu saudades. Ela queria sentir de novo seu perfume, seu toque e ouvir sua voz. Mas ela não podia, não conseguia. Ele estava ocupado beijando outra boca e ela, vendo o mundo a sua volta cair.
Foi, enfim, uma noite péssima pra ela. A única coisa que conseguiu aprender e entender disso tudo foi que um amor recalcado e álcool, quando combinados, são capazes de te levar do céu ao inferno em segundos.


Ba2007