Os
gatos sempre fogem.
Meio-dia. O despertador já havia
tocado dezenas de vezes e a ressaca resultante da noite anterior fritava minha
cabeça. O cara que eu havia conhecido na noite anterior já não se encontrava
mais na minha cama, e, apesar de o sexo maravilhoso com ele, a morte de Ned
Stark fez mais falta na minha vida do que aquele homem.
Queria comer aquela comidinha que
só uma mãe dedicada pode fazer. Lembrei-me, entretanto que não possuía há anos
uma figura materna na minha vida, fui rejeitada pelos meus pais por engravidar
aos 16 anos e a partir dai tive que me virar sozinha. Sozinha. Sim, optei pelo
aborto. Experimentei uma solidão Kierkegaardiana e aprendi que morar só não é
fácil, ouvir seus próprios pensamentos é algo aterrorizante a ponto de eu
comemorar quando os vizinhos do 514 estão transando, ou quando o pessoal do 515
faz a faxina ao som de Wesley Safadão.
E hoje, sábado, 39 graus na
cidade maravilhosa ainda não havia feito metade das coisas que deveria. Todo
sábado eu tinha um encontro com uma amiga do trabalho que sempre me ajudou
muito com minhas inúmeras crises existenciais. Poderia definir Aline como uma
Beatrix Kiddo do subúrbio carioca, o gosto pelas artes maciais era o mesmo. A
noite chegou junto com Aline e, com ela, nossa indispensável cerveja e as
cartas do truco.
A noite com Aline foi muito
prazerosa, apesar dela insistir que Friends é melhor que ou How i met your
mother, ou afirmar categoricamente que Capitu era adúltera. Eu não tenho
provas, mas tenho convicção de que Bentinho era louco. Mas no fim da madrugada
Aline foi embora, como todos sempre vão, nem os animais ficam. Já tentei criar
peixes (morreram), hamsters e o gatos sempre fogem. Os gatos sempre partem.
Já fazem uns 30 minutos que quase
coloquei fogo na casa ao queimar a carne enquanto fumava meu San Marino (o
pagamento ainda não caiu) e pensava em como a Eleven poderia voltar a stranger
things. Agora vou comer um miojo, queria mesmo uns waffles. Uma mae faz falta.
Nina
Meneses
Amei as referências e como o recalque ta presente, mas não tão explicito como na maioria dos que já li
ResponderExcluirÉ um ótimo texto, bem reflexivo e com ótimas referências, realmente. A questão do recalque é que está mais difícil de ser identificada.
ResponderExcluirSó digo que é recalque porque foi o tema designado. Se eu pegasse aleatoriamente para ler, não imaginaria o recalque envolvido na história. Prestar atenção se o q é apresentado trás pros leitores a informação que vc deseja passar pq nessa não foi bem sucedida.
ResponderExcluirSó digo que é recalque porque foi o tema designado. Se eu pegasse aleatoriamente para ler, não imaginaria o recalque envolvido na história. Prestar atenção se o q é apresentado trás pros leitores a informação que vc deseja passar pq nessa não foi bem sucedida.
ResponderExcluirEu optei por um recalque mais subtendido, nada muito explícito e grosseiro. Particularmente, nunca fui ler uma crônica e la tava explícito "OLHA O TEMA SUGERIDO AQUI", sempre se espera da capacidade de interpretação do leitor. Obrigada pela participação
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ExcluirEu achei que o recalque dela é a solidão que ela carrega, a falta da mãe, o fato de ter tido filho cedo e sido abandonada.
ResponderExcluirO tema está sutil no texto. Gostei muito das referencias, bem atuais.
ResponderExcluirGostei das referências/analogias, só foi um pouco demais. Mas fora a isso foi um texto muito interessante de ler.
ResponderExcluirReferências, como eu adoro referências! A relação tema proposto foi sutil, mas deu pra entender. Gostosinho de ler.
ResponderExcluirReferências, como eu adoro referências! A relação tema proposto foi sutil, mas deu pra entender. Gostosinho de ler.
ResponderExcluirAchei o recalque difícil de ser percebido, mas amei o texto. Foi muito bem escrito e possui várias referências muito legais, mesmo! Algumas até bem sutis, o que foi mais legal ainda. Parabéns.
ResponderExcluirUm texto denso e, ao mesmo tempo, sutil. Parabéns!
ResponderExcluirO tema fica um pouco confuso de ser percebido, mesmo nas entrelinhas.
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