domingo, 18 de setembro de 2016

Manifesto da Censura (O Conto do Macho)

Foram pra praia, Leo e Cecília. Ela amava ele mas ele não gostava muito dela, falava muito. Mas
Os dois foram pra praia. Ele que escolheu, era o primeiro encontro. Ela falava, mas ele só ouvia 
Ruídos distantes enquanto a boca pintada e molhada mexia, e o suor descia. Presa fácil, ela foi. 
A tatuagem no braço dela, uma rosa branca, dançava com os gestos animados de revolta. Leo
                - 2 xícaras de açúcar                             - bata as claras em neve e reserve
                - 3 xícaras de farinha de trigo             - misture as gemas, a margarina e o açúcar até obter massa homogênea
                - 4 colheres de margarina                    - acrescente a farinha de trigo e o leite aos poucos sem parar de bater
                - 3 ovos                                                    - adicione as claras em neve e o fermento
                - 1 e ½ xícara de leite                            - despeje a massa em uma panela untada e enfarinhada
                - 1 colher (sopa) fermento em pó       - asse em forno médio (180°) preaquecido por 40 minutos
Tranquilos até que ele avistou de novo a tatuagem e o Leo de repente, virou Leão, faminto de carne, 
E aquele braço... O animal atacou, agarrou, puxou, sentiu, perdeu sentidos e a presa gritou.
Mas é claro que gritou, Leo não pode virar Leão, ele assusta a fêmea, gostosa. Foi abrupto,
Ele não sabe o que houve, disse que foi um bicho que o assustou, ela achou fofo e sensível. O macho
Respirou aliviado, a presa ainda tava garantida, puta burra. Quase que ele estraga hein.
  Era por isso que ele não gostava dela, era política, feminista, comunista provavelmente. Não 
gostava de homem de verdade, selvagem. Mas dava pro gasto. Ela tava falando do golpe, “golpe”, e 
de democracias ou sei lá. Ele teve que se esforçar pra fingir interesse nos papos da menina, o suces-
so do seu fim de semana dependia disso. 
Leo chegou em casa, não tinha ninguém. Olhou as fotos no painel uma por uma, angustiado, 
tinha ódio daquelas fotos, a última em especial. Era uma mulher bonita, com os amigos enfileirados 
em frente à universidade, cada um com a rosa branca na mão. Ela se destacava na frente. A mãe de 
Leo, passaporte pro paraíso na mão, sorrindo. Nunca mais viu o filho e o filho nunca mais viu a 
mãe, nem a sua rosa, sua resistência. Mas o Leão viu a mãe, na rosa de Cecília.


                                                                                                    Aurora Beaumont

19 comentários:

  1. Há pessoas contra o golpe aqui, será? Legal o texto mas achei sem sentido ou um pouco forçado essa receita aí no meio, colega

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    1. kkkkkk mas você entendeu de onde veio a receita ou acha que eu só joguei ali no meio? (amei o nome)

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    2. Este comentário foi removido pelo autor.

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    3. é uma receita de pão de ló, né? e tem a expressão "tratado a pão de ló", foi isso que você quis dizer? explique aí, que talvez faça mais sentido pra mim kkkk

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    4. é uma referência à época da ditadura quando censuravam jornais e colocavam receitas e etc no meio, pra mostrar bem na cara q tava sendo censurado

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    5. Este comentário foi removido pelo autor.

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    6. Ah, nunca eu ia fazer essa conexão kkkk fui lenta. Por que você quis "censurar" algo nesse texto? Seria pedir demais mais uma explicação?

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    7. imagina! haha eu fiquei com medo mesmo de ser difícil de entender :/ é só como referência mesmo, junto com o fora Temer mostra o medo de esse tipo de coisa voltar (é um exagero, óbvio), mas é mais pra fazer essa referência mesmo.

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    8. achei difícil de conectar com o tema, entender todas as referências. um texto pesado que necessita de muitas explicações e atenções.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. A conexão q eu fiz foi entre o fora temer e o pão de ló pq nesse governo os políticos estão sendo tratados a pão de ló. Dei uma viajada pq nem me liguei no título do texto, talvez se eu tivesse me ligado, eu teria feito a conexão com a ditadura. Por isso achei forçado, mas a tatto da menina combinar com a foto da mãe foi uma sacada boa!

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  4. A conexão q eu fiz foi entre o fora temer e o pão de ló pq nesse governo os políticos estão sendo tratados a pão de ló. Dei uma viajada pq nem me liguei no título do texto, talvez se eu tivesse me ligado, eu teria feito a conexão com a ditadura. Por isso achei forçado, mas a tatto da menina combinar com a foto da mãe foi uma sacada boa!

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  5. Gostei do ponto em q o texto abordou vários gêneros textuais
    (narrativo, crônica, injuntivo mesmo q esteja sendo um código p/ determinar a informação como na ditadura). Mas faltou clareza no tema de recalque.

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  6. Gostei do ponto em q o texto abordou vários gêneros textuais
    (narrativo, crônica, injuntivo mesmo q esteja sendo um código p/ determinar a informação como na ditadura). Mas faltou clareza no tema de recalque.

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  7. Gosto da escrita com detalhes e uma delicadeza na construção. Me perdi um pouco para entender por completo o texto, entao foi necessário ler sua explicação.

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  8. Eu gostei muito do texto. Apesar de não ser de tão fácil compreensão, como já foi ressaltado acima, é super inteligente. Gostei muito da maneira como foi escrito, e a forma como você estruturou o texto para que passasse as mensagens que você queria. Além disso tudo, faz uma crítica social muito boa. Parabéns!

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  9. O texto é um pouco difícil de ser compreendido...

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  10. Achei muito boa a escrita e o jogo de palavras foi bem construído. No momento da leitura não entendi o porquê da receita, mas vi o significado nos comentários. Peguei a conexão com o tema no final.

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