A cebola, claro.
Eu tenho
passado as últimas semanas tentando lembrar em que momento Ju revelou que sua
comida preferida era sopa de cebola. Nada convencional. Poderia ser lasanha,
quiche, hambúrguer ou quem sabe uma sopa de ervilha. Mas sopa? Sopa de cebola?
Não que eu não goste de sopa ou de cebola. Acontece que desde que nos
conhecemos, semanalmente comíamos sopa de cebola assistindo a um filme qualquer
que eu escolhia, aleatoriamente, na sessão de comédia. Acredito que parte do
meu descaso com o filme era para que ela esquecesse aquela ideia. Uma pena.
Quem acabou sucumbindo a ela foi eu. Já não vinha mais com apenas um filme...
Agora me acompanhava também quatro cebolas médias.
Já não
conseguia esperar por aquelas prazerosas quartas-feiras. E o futebol, eu nem
lembrava mais... Até o dia em que Ju, por mensagem, dizia: Venha sem o filme e
as cebolas. Não vou esconder que me vi perdido. Pela primeira vez, em dois
anos, eu não iria acordar cedo para ir à feira, nem passar na locadora, que
ficava no início de sua rua. Confesso que fui otimista ao achar que aquela
mensagem não era um sinal do que aconteceria naquela quarta à noite. Em poucas
e diretas palavras ela disse que não havia mais motivos para continuarmos
juntos. Mas e as horas de sono que eu cedi indo de carro à feira? E o futebol,
que eu nem sabia mais quem eram os escalados? E todos os outros dias metódicos
dedicados a ela não aqui citados? Vi ali que realmente a amava. E ela foi fria.
Fria como a sopa que me servia.
Pouco a
pouco me refiz. Iniciei um curso de gastronomia as quartas à noite, passei a
fazer caminhada até a feira pela manhã, que em certo dia se resumia a comprar
ingredientes frescos para o curso. Quanto à sopa de cebola, nunca fiz
questão... Após Jucilene, não entra se quer uma cebola na gaveta da geladeira.
Nem mesmo um molho industrializado que além de outros temperos, vem seguido da
maldita descrição “Contém cebola”. Eu superei. A única coisa que me atormenta é
ela. A cebola, claro.
Sam
Castiel
Muito boa a metáfora da cebola! Deu pra entender bem o recalque. O texto também foi rapido, dinamico e facil de ler.
ResponderExcluirAmei esse texto! Adorei como foi fácil e leve de ler, sem enrolação
ResponderExcluirAmei esse texto! Adorei como foi fácil e leve de ler, sem enrolação
ResponderExcluirO texto flui muito bem, apresenta uma história leve e envolvente
ResponderExcluirmelhor texto que li até hj. Escandalo!!!!
ResponderExcluirO texto mais sensacional de todos. Parabéns e mt sucesso!!!
ResponderExcluirGostei muito da levada do tema na crônica. O texto é muito leve, muito bom
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEu gostei demais desse texto, ele é divertido, leve, a linguagem é ótima e trata o assunto do amor, do término, muito bem, o diferenciando. Muito bom, mesmo. Parabéns.
ResponderExcluirGostei tanto desse texto! É bem isso... às vezes o recalque fica explicito nas pequenas coisas.
ResponderExcluirMuito bom. Parabéns!
ResponderExcluirO texto é bem direto e a leitura é fácil. O tema foi muito bem trabalhado. Parabéns.
ResponderExcluiradorei o texto! Muito divertido.
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