sexta-feira, 8 de novembro de 2019


Através dos Tempos

          Em alguma época do final de 2010/início de 2011, o menino Max tinha de dormir cedo, pois logo pela manhã seu avô teria que ir a um Hospital, em Niterói. Max gostava do passeio, mas detestava dormir cedo, queria poder ficar mais algumas horas no jogo de Pokémon do Nintendo DS ou assistindo desenho na TV, mas enfim, é a vida, ao menos sabia que a ida até lá seria legal, que passaria pela Ponte Rio – Niterói e poderia ir de um lado do carro na ida e do outro na volta, assim conseguiria ver os dois lados da paisagem – De um lado a Baía indo na direção do Oceano;  do outro, a sua extensão ao norte; e em ambos ,o mar,  repleto de guindastes e barcos - poder curtir o momento sem se preocupar com qualquer dever de casa de Geografia, Português ou de Ciências. E foi assim por, pelo menos, umas cinco vezes - todas em dias ensolarados, normal pras épocas de final e início de ano - chegava ao Hospital e ficava junto de seus pais na recepção enquanto esperava seu avô ser atendido, esperava assistindo à Televisão e vez ou outra saía do estabelecimento e olhava a cidade ao redor, a movimentação das pessoas, o trânsito,e se caso começasse a sentir muito calor do lado de fora o menino voltava pro estabelecimento, por causa do ar – condicionado de lá, e só esperava: esperava a consulta, esperava o melhor pro seu avô, esperava que tudo desse certo, e após essas consultas e uma cirurgia, sim, tudo deu certo, Max sentia-se feliz, o “passeio” foi mais especial do que nunca.
       
         Agora, em 2019, Max retorna ao tal lugar, dessa vez sozinho, seus pais ficaram em casa e seu avô... Infelizmente faleceu no final de 2011, e Max agora vem para estudar, mais especificamente na UFF, e ainda que agora tenha outra perspectiva das coisas, dos lugares, até das paisagens, essas lembranças ainda persistem, é impossível não olhar a Ponte Rio - Niterói  e não lembrar do avô, das idas até Niterói, da primeira impressão dos lugares por onde passava, lugares esses até então sem nome, agora ele sabe que o bairro do determinado Hospital chama-se Fonseca, que logo na descida da Ponte,onde há aquele amontoado de caminhos, é a Avenida do Contorno, que aquela Ilha no meio da Baía é a Ilha de Mocanguê e que todos aqueles navios petroleiros podem causar muito estrago por aí. O Max do inicio da década queria ser Médico, o do final da década está cursando Jornalismo; o primeiro tinha muito tempo livre para jogar, conversar no telefone ou assistir televisão, enquanto o segundo tem que conciliar as tarefas acadêmicas com tempo para lazer e algum tempo para conversar, agora no Whatsapp; e falando um pouco de tarefas, o primeiro tinha aulas de História, o segundo tem aulas de Realidade Socioeconômica e Política Brasileira; o primeiro gostava de apreciar a viagem, o segundo também. Alguma mudança, outras não. Conhece os lugares por onde passou, porém ainda não faz ideia de alguns outros que parecem bem distantes, como Tribobó ou Venda das Pedras, através dos tempos determinadas coisas ficam e outras se perdem, e outras se mesclam, tal como a Ponte Rio Niterói, que hoje faz lembrar tanto às idas àquela cidade lá por 2010 e 2011 quanto às idas em 2019.

Máximo

2 comentários:

  1. muito bom cara! sensível e ao mesmo tempo descontraído.

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  2. A maneira como você particularizou a história trouxa uma sensibilidade diferente e qualquer outra crônica, parabéns!

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