Através dos Tempos
Em alguma época do final de
2010/início de 2011, o menino Max tinha de dormir cedo, pois logo pela manhã
seu avô teria que ir a um Hospital, em Niterói. Max gostava do passeio, mas
detestava dormir cedo, queria poder ficar mais algumas horas no jogo de Pokémon
do Nintendo DS ou assistindo desenho na TV, mas enfim, é a vida, ao menos sabia
que a ida até lá seria legal, que passaria pela Ponte Rio – Niterói e poderia
ir de um lado do carro na ida e do outro na volta, assim conseguiria ver os
dois lados da paisagem – De um lado a Baía indo na direção do Oceano; do outro, a sua extensão ao norte; e em ambos
,o mar, repleto de guindastes e barcos -
poder curtir o momento sem se preocupar com qualquer dever de casa de Geografia,
Português ou de Ciências. E foi assim
por, pelo menos, umas cinco vezes - todas em dias ensolarados, normal pras
épocas de final e início de ano - chegava ao Hospital e ficava junto de seus
pais na recepção enquanto esperava seu avô ser atendido, esperava assistindo à
Televisão e vez ou outra saía do estabelecimento e olhava a cidade ao redor, a
movimentação das pessoas, o trânsito,e se caso começasse a sentir muito calor
do lado de fora o menino voltava pro estabelecimento, por causa do ar –
condicionado de lá, e só esperava: esperava a consulta, esperava o melhor pro
seu avô, esperava que tudo desse certo, e após essas consultas e uma cirurgia,
sim, tudo deu certo, Max sentia-se feliz, o “passeio” foi mais especial do que
nunca.
Agora, em 2019, Max retorna ao tal
lugar, dessa vez sozinho, seus pais ficaram em casa e seu avô... Infelizmente
faleceu no final de 2011, e Max agora vem para estudar, mais especificamente na
UFF, e ainda que agora tenha outra perspectiva das coisas, dos lugares, até das
paisagens, essas lembranças ainda persistem, é impossível não olhar a Ponte Rio
- Niterói e não lembrar do avô, das idas
até Niterói, da primeira impressão dos lugares por onde passava, lugares esses
até então sem nome, agora ele sabe que o bairro do determinado Hospital
chama-se Fonseca, que logo na descida da Ponte,onde há aquele amontoado de caminhos,
é a Avenida do Contorno, que aquela Ilha no meio da Baía é a Ilha de Mocanguê e
que todos aqueles navios petroleiros podem causar muito estrago por aí. O Max do
inicio da década queria ser Médico, o do final da década está cursando Jornalismo;
o primeiro tinha muito tempo livre para jogar, conversar no telefone ou
assistir televisão, enquanto o segundo tem que conciliar as tarefas acadêmicas
com tempo para lazer e algum tempo para conversar, agora no Whatsapp; e falando
um pouco de tarefas, o primeiro tinha aulas de História, o segundo tem aulas de
Realidade Socioeconômica e Política Brasileira; o primeiro gostava de apreciar
a viagem, o segundo também. Alguma mudança, outras não. Conhece os lugares por
onde passou, porém ainda não faz ideia de alguns outros que parecem bem distantes,
como Tribobó ou Venda das Pedras, através dos tempos determinadas coisas ficam
e outras se perdem, e outras se mesclam, tal como a Ponte Rio Niterói, que hoje
faz lembrar tanto às idas àquela cidade lá por 2010 e 2011 quanto às idas em
2019.
Máximo
muito bom cara! sensível e ao mesmo tempo descontraído.
ResponderExcluirA maneira como você particularizou a história trouxa uma sensibilidade diferente e qualquer outra crônica, parabéns!
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