Isso não é coisa de Brasil, muito menos da Ponte Rio-Niterói
Eu estava na ponte,
engarrafada, como sempre esta todas as manhas, não consigo decidir se leio mais
parágrafos que não vou entender do texto da faculdade ou se só ponho os fones e
cago pro resto do mundo. A escolha é clara, coloco a mesma musica que tenho
escutado a semana inteira e fecho os olhos. Na segunda vez que o refrão toca
sinto um tremor, alguém levantou do acento do meu lado? Impossível, ainda
estamos na ponte, abro os olhos depois de sentir um tremor 10 vezes mais forte,
ouço gritos e olho em volta.
Pessoas estão saindo de carros horrorizadas,
outras correndo em direções divergentes, a essa altura todos no ônibus já
batiam nas janelas desesperados, depois de o motorista ter aberto as portas eu
finalmente estava fora e podia ver aquele cenário. Uma nave imensa sobre a
ponte com luzes cintilando de toda parte, o formato oval gigantesco se
destacava no meio do céu nublado, mas o pior era a criatura sob a nave, poderia
ter facilmente 20 metros e pesar toneladas. Eu estava completamente petrificada
ao encarar aquilo, os berros de terror chegavam abafados em meus ouvidos, meus
olhos não conseguiam desviar da carapaça metálica reluzente daquela coisa, os
quatro braços metálicos empurravam carros diretos a Baia de Guanabara e
agarravam e arremessavam pessoas como bonecos de teste.
Os acontecimentos passavam
como flashes na minha mente, de repente encaro as duas fendas de luz vermelha
que interpretei como olhos, o robô gigante se aproxima de mim lentamente, como
se previsse que eu não correria por estar completamente paralisada, as garras
já se fechavam em torno do meu corpo, eram frias e cortantes. Outra fenda se
abriu, dessa vez com uma luz branca mostrando um vazio infinito, eu não seita
minhas pernas e provavelmente o ato mais desesperado que tomei foi arregalar
ainda mais os olhos. Enquanto a cena passava em câmera lenta, pude ouvir um som
vindo de dentro daquilo, eram palavras? “senhoooora” o terror deu lugar a
confusão aquela palavra ecoava em minha mente. Sinto uma mão no meu ombro
”aceita bala?”.
Abri os olhos brutalmente
para encarar o homem de paletó cinza ao meu lado que com certeza estava
prendendo uma risada, o vendedor de bala passou por nós se cansando de esperar,
enquanto eu limpava a baba da bochecha. Logo vi, essas coisas não acontecem no aqui.
Margo Blue
Eu me identifiquei bastante com esta crônica porque sou mestre em dormir no ônibus. Como sabemos, essa é uma atividade de grande risco, mas ele vale a pena pela possibilidade de descansar um pouquinho.
ResponderExcluirNo mais, achei muito legal e criativa a forma com que o texto foi construído. Realmente muito original! Parabéns
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirTexto muito bem escrito! Adorei a forma como você construiu a narrativa. A mistura de elementos do sonho com a realidade foi criativa.
ResponderExcluirAmei! muito criativo e consegue fazer quem está lendo se sentir na história.
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