Poça
Observar a virada do
Sol reluzindo na Baia de Guanabara com a ponte ao fundo é sempre tão inédito,
tão revigorante, e ao mesmo tempo tão clichê para quem vive aqui por perto.
Olhando para ponte que
liga o purgatório da beleza e do caos à Nikity reflito sobre a quantidade de
motivos diferentes que existem para que todos os dias, mas principalmente nos dias
úteis, tantas pessoas passem por ali gerando e vivenciando engarrafamentos.
Pontes são feitas para ligar, facilitar acesso, integra, e a Rio- Niterói
cumpre bem esse papel. E graças a ela as pessoas desconsideram a imensidão da
Baia de Guanabara, fazendo vigorar a concepção de que ir de uma cidade para
outra é como pular uma poça.
Pensando bem, olhando
aqui e agora para ela, seria como pular uma enorme poça de lixo de esgoto. Se
ela faz parte de seu cotidiano também, você sabe que de longe é pura beleza,
mas se olharmos com atenção veremos sacolas, garrafas, embalagens, e uma
coloração duvidosa que remete à poluição. Assim, a baia seria como aquelas
pessoas lindas por fora, mas que não valem nada por dentro.
E essa comparação abre
espaço para outra: as vezes, as pessoas agem como agem porque sofrem ou já
sofreram traumas. Com a baia não é diferente, já que diariamente exerce função
de depósito de lixo e esgoto. Aliás, caso houvesse um tratamento à vera dessas
águas, seriam necessárias cerca de 345 mil piscinas olímpicas por dia para dar
conta das 10 mil toneladas de esgoto despejadas por segundo.
Termino, assim,
refletindo que apesar da beleza e da poesia da paisagem a minha frente, o ser
humano, com sua ganância, não só a destruiu, mas negligencia esse feito, não
fazendo nada para revertê-lo. De Niterói, vejo o Rio, cartão-postal, com o Pão
de Açúcar e o Cristo, que com seus harmoniosos braços sempre abertos vigia a
cidade, mas ao mesmo tempo, o cara deve estar bem cansado de nos ver
destruindo-a e deixando destruírem-na diariamente. A poça separa as duas
cidades, a ponte as une e a responsabilidade pela sujeirada despejada ali
também.
Metamorfose Ambulante
Uma ótima escolha abordar esse aspecto da poluição, foi certeiro na comparação entre pessoas lindas por fora e sujas por dentro. Contudo, a maneira formal como você conduz o texto retira um pouco o tom poético. Se dê mais liberdade na hora de escrever. E esteja atento aos erros de português como no trecho "Pontes são feitas para ligar, facilitar acesso, integra," faltando um "r". São erros bobos que precisam ser corrigidos.
ResponderExcluirO texto é muito bom,achei muito inteligente a maneira que utilizou os dados sobre a ponte para construir o texto ficou bem legal.
ResponderExcluirNão sei se você inventou aqueles dados citados,todavia,achei muito legal você cita-los como forma de demonstrar sua indignação em relação a baía e toda sua sujeira.Adorei também a metáfora utilizada que relaciona a baía a uma poça suja
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