Quando se entra em um novo universo, você fica assustado, não pelo medo, mas sim, por ser diferente do que é acostumado. Quando se troca de escola, de casa, de um país e até mesmo, ao entrar na faculdade. Assim que ingressei na graduação, fiquei apreensivo, me deparei com pessoas novas, mais responsabilidades, tudo era uma novidade. Logo de cara, recebi minha primeira missão, teria que fazer uma resenha de um livro. Logo eu, que nunca fui um dos mais cultos, resolvi adotar o "Próximo da Fila" como meu melhor amigo nesse novo universo que eu estava entrando.
A rotina era sempre a mesma, de casa para o trabalho e do trabalho para a faculdade, íamos nós, eu e o meu novo melhor amigo trocando ideias. Encantei-me nas primeiras páginas, como uma criança que ganha um brinquedo pela primeira vez. A cada folha que eu desfolhava, me via no lugar Henrique. Até porque, quem nunca se identificou com um livro? Quem diria, eu entrando em um novo universo e o autor entrando no dele, após a perda de seu pai.
Minha empatia entrou logo em ação, não deve ser fácil perder um parente, principalmente um pai. Ficava no ônibus me perguntando: "O que será da vida dessa família?", já que, perderam o principal alicerce até o momento. Começava ali, a entrar em seu novo universo. A mudança de casa, a mãe se sacrificando e trabalhando para o sustento dos dois, a tia número 1 atormentando e a 2 acalmando, um turbilhão de coisas para um simples moleque que não sabia ser um simples "marrequinho". Antes de entrar pra faculdade, também fui procurar um emprego, e pude entender o quão difícil é, principalmente quando se perde alguém. Mas, é muito mais complicado quando essa é a sua única escolha para ajudar a sua família. E lá vai aquele moleque, sem saber fazer nada, arrumar um emprego no Mc Donald's. Admito ter ficado feliz com essa nova conquista do meu amigo, a cada passo conquistado, a minha torcida aumentava.
Aliás, minha história é diferente, mas eu me identifiquei. Enquanto estou no trabalho, acompanho o dia do trabalho do autor. Que por sinal, teve uma hora que atendemos as pessoas no mesmo momento. Fico bem atento a cada história, por ser um narrador onisciente, me retratava mais o cotidiano, fazendo com que eu me imaginasse e vivesse dentro do romance.
Nesse momento, estou atrás de um balcão atendendo algumas pessoas e foi justamente atendendo que, o Henrique conheceu a sua amada. Aliás, desculpa o "spoiler", era irmã. Uma loucura imagina você se apaixonar, namorar e engravidar a sua própria irmã. Esse enredo me fez pensar, tentei até explicar fazendo um flash back igual ele fez no livro, mas ainda estou aprendendo a escrever e tem muita gente pra eu atender, mesmo o patrão não sendo igual o gerente de bigode, preciso mostrar trabalho para continuar no caixa. Até porque, o “BK” ta demitindo muita gente.
Muitas pessoas chegam pedindo algo para mim, algumas com tristeza no rosto - talvez deva ser a fome - ou possa ser alguma perda também. E fico querendo passar pra todas elas o legado que o Henrique deixou para mim com seu livro; Por mais que tudo pareça desmoronar, devemos seguir em frente. A vida é cheia de desafios e você é mais forte do que pensa. Um dia você queima a mão e no outro, sobe para o cargo mais alto. Não importa os obstáculos, passe por cima deles.
Obrigado, Henrique. Obrigado por me ajudar a entrar nesse novo universo, em especial, no universo da leitura. Aliás, despertou um desejo incrível de ser um escritor, quem sabe um dia eu escreva um livro e na fila do autógrafo, você seja o próximo da fila...
Por Lispector de Assis.
Oi Lispector!
ResponderExcluirGostei bastante da resenha! Foi super boa a ideia de escrever como alguém que trabalha numa rede de fast food :) Ficou simples e tranquila de ler.
Mary-Louise P.