sexta-feira, 11 de maio de 2018

O colega da Júlia

Esses dias eu li “O Próximo da Fila”, de Henrique Rodrigues. É uma história muito boa e envolvente, mas um detalhe me intrigou desde as primeiras páginas: as duas tias do menino protagonista.

Era engraçado que não importava o que acontecia, elas sempre surgiam para opinar sobre a vida dele. Estavam sempre lá para reclamar e desmotivar, confortar e animar...

Essa coincidência incrível me deixava inquieto. Mesmo depois da família do menino se mudar para mais longe, os sapatos das duas continuavam íntimos do tapete de entrada. Poxa, por que isso? O enredo tava tão cativante, só que a presença delas me parecia um lugar-comum um pouco incômodo.

Eu estava errado, como de costume.

Conforme fui lendo, as tias deixaram de ser tias e tudo passou a fazer mais sentido para mim. Como assim, suquinho? Eu explico. Talvez as tias fossem só uma metáfora para ilustrar os diferentes tipos de pessoas que convivemos.

Tem gente que tá sempre torcendo por você. Te apoia nos seus fracassos. Te ajuda a se reerguer. Te ajuda a crescer. Fica feliz com seu sucesso e quer curti-lo com você.

Tem gente que tá sempre torcendo contra você. Te condena nos seus fracassos. Te ajuda a se arruinar. Chega a te rebaixar. Fica feliz com seu erro e quer esfregá-lo em você. Ou pelo menos parece que faz isso.

O segundo grupo é o mais perigoso. Nele, há muita gente que precisa passar longe de nós. Mas ele também está lotado de pessoas que nos amam e, por nos amar, adoram ditar seus certos e errados. Por mais que nos amem, abalam nossas mentes sistematicamente e amplificam nossos sofrimentos. Esse é o grupo da segunda tia…

É também o grupo da mãe da Alice, da amiga do Pedro, do irmão da Luiza, do pai do João, do colega da Júlia, do namorado do Mateus, da avó da Manuela e do padrasto do Henrique. É, ele mesmo, o autor do livro. Mas é como ele diz,

Toda família tem uma pessoa chata. Vai ter sempre alguém te desanimando.

Talvez a gente possa ignorá-los um pouquinho, né?

Por Suco de Caixinha.



3 comentários:

  1. Sim Suco de Caixinha, vamos ignorá-los! Ai que leitura gostosinha e eu abri um sorriso quando você escreveu "Como assim, suquinho?". AI QUE VONTADE DE AMASSAR, que fofinho.

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  2. "Como assim, suquinho?" Primeiramente, EU TE AMO SUCO <3 (sempre quis falar isso ahsuahsu)
    Segundamente, achei muito verídico! Vamos só ignorar essa gente, né? E evitar ser desse segundo grupo também!
    Adorei <3

    Mary-Louise P.

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  3. que leitura gostosa de se fazer! a forma como você passou a mensagem foi reconfortante para quem passa por isso. Me senti bem ao ler! parabéns ��

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