terça-feira, 22 de maio de 2018

Quem você pensa que é ?

O homem fica em dúvida do que escrever, e a indecisão diminui quando vai escutando o barulhinho do teclado, motivando a desabafar. Me identificar com o menino dos infinitos me fez ver além de onde estava, me deparei com um rapaz cheio de subjetividades assim como eu, um rapaz que ao mesmo tempo tinha tantos defeitos e qualidades e cercado de pessoas cheias da mesma subjetividade e contrastes.Um rapaz sem nome, sem um rosto definido, uma altura definida, mas uma alma expressiva de sentimentos, angústias, medos, assim como eu. Ele era eu, e eu era ele. I

Incrível como me identifiquei com suas lutas e ao mesmo tempo com suas preocupações, sorri ao ver que conseguimos um emprego para ajudar a mãe e o irmão mais novo. Chorei quando queimamos a mão e nossa identidade também se foi. Me entristeci ao ver que o amor foi embora junto com Ela, mas precisei continuar, afinal parar não é opção. A vida é assim, algo inesperado acontece e temos que seguir em frente, outra coisa improvável acontece e ficamos alegres e de repente, a nossa alma se aperta angustiada e precisamos seguir... esperando ser o próximo a ser chamado, o próximo da fila.

Ao som de Eduardo e Mônica, sigo escrevendo, por dias meu lugar de novas descobertas foi um fast-food, um lugar improvável para meu gosto, mas ali tive os maiores aprendizados e crescimento, mudei de um menino mimado e dependente para responsável e solitário. Defendi e apanhei. Levantei e abaixei ,catando coisas no chão do estacionamento. Vi a vida de outras pessoas dependendo da minha rapidez. Ouvi histórias e poemas, mentiras e desabafos. Já disse, ele era eu e eu sou ele. Tudo isso em uma lanchonete. Tudo isso no lugar primeiramente desconhecido e depois tão familiar. Tudo ali no famoso Eme.

Eu vi. Eu pensei. Eu chorei. Eu beijei. Eu escrevi. Eu relembrei o passado. Eu estava lá e descrevi os sentimentos meus e minhas aflições, o meu modo de ver as coisas. A minha forma de enxergar quem queria meu bem, e quem estava lá só para criticar, quem me apoiou e quem me invejou. Eu que analisei a morena baixinha, e eu que esperei a menina desajeitada aparecer outra vez. Eu sou um novo escritor, portanto, eu sou ele e ele sou eu. Uma noite naquela lanchonete aconteceu. A menina desajeitada voltou. Os dois se encontraram um dia sem querer.. Num contexto nada legal, o Presidente roubou todos e todas, o país estava um caos.. As músicas eram boas, o que embalou o namoro. Todo mundo dizia que ele completava ela e vice-versa, que nem feijão com arroz. Ainda não superei o fato dela ter ido, mas o que fazer se não pude impedir. Superar é preciso e parar não é opção na vida.

Já disse ele era eu e eu era ele. Ele se tornou eu, e eu ele. Me identifiquei com ele e decidi, eu sou um novo escritor, só que uma coisa me cativou....Com suas palavras simples e seu jeito fácil de entender. Compreendi quem era ele, o rapaz do infinito, e conclui que no final ele era eu. Pronto! O rapaz do caixa na lanchonete chama o próximo da fila. O próximo sou eu.

Por Lívia Calvant.

4 comentários:

  1. Cara caramba, cara caraô!
    Se por um lado, eu achei que você não abordou profundamente os conceitos narrativos, por outro, vi o personagem do livro (você) escrevendo em um diário e isso ficou maravilhoso! Você soube equilibrar muito bem o fato de não falar necessariamente tudo com o fato de ser totalmente criativo (acho que faz sentido haha)

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  2. que ideia genial! ficou mega criativo. Eu, assim como você, não foquei só em abordar os elementos narrativos, preferi seguir um viés mais criativo. BATE AQUI, MENINA, QUE EU ADOREI!

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  3. Adorei a ideia! Produzir o novo a partir do existente é uma arte <3 ps.: o título foi ótimo para chamar a atenção

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