Imagine-se num restaurante de fast food. Imagine todas as pessoas em sua volta. Os clientes, entrando e saindo do restaurante, cada um perdido em seus próprios pensamentos, os funcionários, seguindo um padrão de atendimento como máquinas, tendo por trás de cada um uma história particular. Você nunca imaginou que o cenário de um fast food seria tão complexo, não é? Eu também não. Não antes de ler o livro "O Próximo da fila".
O livro, em toda sua história, te faz entrar nesse mundo por trás do balcão de um fast food, fazendo com que o leitor entenda a vida de um funcionário da rede, e se sinta em seu papel. Através de uma narrativa feita pelo próprio personagem principal, conseguimos ver seus sentimentos em relação ao que ele vive, e em trechos onde se torna um narrador onisciente de fatos ocorridos com terceiros, podemos observar que as coisas fora de seu alcance também são responsáveis por tudo o que ele está vivenciando no momento da trama. A forma como cenas fortes são descritas é uma ótima maneira do autor prender o leitor, sentir-se como o personagem. Quem não sentiu a dor do menino no acidente com a chapa? Ou sentiu seu desamparo quando a namorada sumiu de sua vida?
O personagem em si, de tão complexo que é, só pode ser completamente entendido ao final do livro, quando ele chega na faculdade. O que ocorreu no tempo entre a faculdade e quando ele já está adulto contando sua história só pode ser imaginado pelo leitor com base no conhecimento adquirido sobre o protagonista até ali, o que foi muito inteligente da parte do autor, Henrique Rodrigues.
Quando começamos a ler o livro, não sabemos nada sobre o homem que está em um fast food observando o que acontece ao seu redor, escrevendo sua história em guardanapos. Mas, ao chegarmos ao fim do livro, e voltarmos ao início, sentimos que conhecemos aquele homem. Vimos sua trajetória, seus obstáculos da juventude, e parece que entendemos como ele se sente em relação a tudo isso. Essa sacada foi genial por parte do autor, onde constrói um enredo linear e ao mesmo tempo não linear, onde no meio de sua história contada por ele jovem aparecem fragmentos do que ele pensa já mais velho, além das partes que ele conta fatos não pertencentes a sua história, mas que são importantes pra seu desenvolvimento (a cena de sua mãe criança, por exemplo).
Eu sinto que parece que o livro foi feito para mim, onde o personagem tem os mesmos sonhos, mesmos medos e metas da vida que eu tenho. Juntando isso com uma linguagem fácil e tranquila de ser lida, fez com que eu devorasse o livro e o lesse em dois dias. Creio que foi essencial a forma que o Henrique escolheu para escrever o livro, ele entra na linguagem e na forma de pensar do jovem, sem sair da norma culta padrão da língua. Se torna prazeroso de se ler não importa a idade ou o nível de conhecimento da literatura.
O menino, que diante de suas perdas e sofrimentos durante a vida, que acaba de entrar na universidade onde vai começar a trilhar um novo caminho sem deixar seu antigo para trás é um exemplo e uma inspiração para todos nós, que assim como ele chegamos ao ensino superior cada um com a sua história, com seus sofrimentos e dificuldades acumulados, cada um pronto pra começar um novo caminho. Se eu aprendi algo com esse livro foi que não há dor ou sofrimento que nos impeça de seguir nossos sonhos e nossas metas, não importa o tamanho delas. Temos sempre que levantar a cabeça e seguir em frente, pois vai ter uma hora que vamos olhar para trás, relembrar nossa juventude e ter orgulho de tudo que passamos. E quem sabe até escrevermos nós mesmos nossa história num pedaço de guardanapo.
Por Ninguém.
Ninguém escreve melhor que você (badum tss)
ResponderExcluirGostei bastante, mostra o seu ponto de vista junto dos conceitos de narração mas sem ficar algo chato num texto sério e formal :)
Gostei muito porque você aborda os elementos analisados sem que fique algo cansativo. Foi uma leitura leve que poderia atrair pessoas a ler o livro, de fato! parabéns!
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