segunda-feira, 12 de junho de 2023

FACE EM FLUXO

Quem és vós?

Semilouca, semimística.

A mulher e seu cigarro, a escrever as palavras de uma feiticeira, perdida entre as letras

de uma máquina de escrever.

Estelar retorno ao âmago da solidão.

Essência humana aterradora. Há a mulher e há o inseto, ambos estão em uma mesma

sala, a catarse é encontrada em meio a repugnância. Não sei o que vivi, mas procuro, estou

procurando.

Quase estou morta, esse rosto longínquo... esse que veio do frio, mas que dele não se

recorda.

Desvendar-te-ei como um enigma dado ao tolo, se você existe, mulher permeada pelo

passado, farei da questão a destruição. A resposta, um desenho e um rabisco. Quem não

reconhece a sua face, cego és.

Fluxo, impressão, donde está o pensamento? O modernismo na odisseia de Ulysses.

Monólogo de perturbação.

Aprendizagem gradual.

Viver em sua arte, é encontrar como final perene a morte. Se acredito, torna-se real.

Incógnita do instante, a consciência se registra diante de uma última entrevista.

Panorama humano, caótico, permeado pela ousadia da timidez. O segredo da mulher...

melancolia tenebrosa.

Quando escrevo... ora, se escrevo... acho que estou morta.


Christine Daaé

3 comentários:

  1. Christine, me parece que falamos sobre a mesma pessoa ou fiz uma interpretação completamente diferente do que você quis passar. Não direi quem para dar chance aos outros colegas, mas fiquei surpresa.
    Confesso que esse é o seu texto que mais gostei. Parabéns pela escrita!

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  2. Creio que seja Clarice Lispector. O texto é muito bem desenvolvido

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