O frio que a brisa da orla me causa contrasta com o calor atrelado à paz que a
visão me traz. A esplendorosa beleza de um entardecer frente a capital carioca ao final
de mais um dia, parte de mais uma semana corrida.
A ambiguidade de uma paisagem simultaneamente tão natural e urbana,
manifestada na presença das barcas que atravessam a água pacata, do som das hélices de
um helicóptero que corta o céu, tentando abafar o farfalhar das folhas e gramíneas. A
civilização de ambos os lados repartida pelo indomável poder do oceano, a fria rotina
semanal atravessada por momentos calorosos inesquecíveis.
A sutileza que o gradiente de cores do céu transmite à transição do pôr do Sol
para a água, com tons que variam do azul ao laranja. Transição que flui, que une o mar
ao céu em um toque suave, mas decidido, como quem chama para uma última dança, ou
para um último abraço de despedida, que precede um longo período de separação. As
leves ondulações que refletem o brilho outrora cristalino, agora alaranjado, até que o
encontro finalmente ocorra, e o momento quente seja substituído pelo manto gélido da
noite.
A sensação de que algo que se repete diariamente pode ser único, a delicadeza
presente mesmo em elementos naturais tão grandiosos, a calmaria mesmo entre a
intensa movimentação urbana, e outras coisas mais.
-Alek Johnson
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