Observo os contornos da cidade do Rio de Janeiro de longe. A brisa do mar acariciando a
minha pele, acalmando-me, quase que me ninando.
Será que algum dia eu estarei em uma daquelas torrezinhas, trabalhando e fofocando com os
meus colegas de trabalho? Será que eu terei que pegar essa barca toda manhã e finzinho de
tarde? Será que eu vou gostar de ser essa possível eu? Não tenho resposta para nenhuma
dessas perguntas. Pelo menos, não agora.
Mudo o meu foco para o Cristo Redentor. Não posso deixar de pensar em “A Arma
Escarlate”. Como seria legal, se, por obra de uma mágica do acaso, eu recebesse uma carta
para estudar Magia na Korcovado. Desculpe-me, UFF, mas a senhora ainda não consegue
superar o universo bruxo que habita em meu coração. Imaginem: aprender a curar feridas
com um feitiço; ligar e apagar a luz sem precisar sair da cama; entrar em cômodos repletos de
uma magia que transmuta os seus mais loucos sonhos, os seus maiores desejos em uma
pseudo realidade temporária. Continuem a imaginar: poder voar; mudar a cor de seu cabelo
num piscar de olhos; viajar quilômetros em segundos…Seria muito incrível.
Nenhuma realidade, por melhor que ela seja, consegue superar a imaginação humana. Uma
triste e feliz constatação.
Relembro de como é a vista do Rio na minha cidade natal. Muito mais distante, e bem menos
etérea. É hipnótico ver daqui o trânsito da Ponte Rio-Niterói. Os carros indo e vindo, alguns
fazendo o trajeto com muito mais frequência que outros. Eu vou muito pouco pro Rio, mas
quando eu vou, gosto de ver os prédios históricos. Vocês já foram na Santa Casa de
Misericórdia? Os corredores dela têm um pé direito alto, um chão estilo xadrez, paredes
brancas e sempre uma figura católica em seu final mal-iluminado. Tem também uma
escadaria larga, com quadros antiquíssimos de já falecidos que administravam o hospital. Lá,
olhos de tinta à óleo de trezentos anos de idade te seguem para todo o lado. Cenário perfeito
para uma novela das seis ou para um filme de terror.
Um casal chega à orla e senta a poucos metros de distância. Não olham para a vista, nem para
o pessoal dançando ali do lado e muito menos para mim. Só olham nos olhos um do outro.
É. Talvez a gente só enxergue aquilo que queremos enxergar.
-Camélia.
Camélia, gostei da forma que você organizou seu texto e de como escreveu sobre uma visão/pensamento em cada parágrafo. É uma crônica muito boa!
ResponderExcluirGostei bastante do seu texto, mas uma parte da crônica me deixou curioso... qual é sua casa de Hogwarts? Kkkkkkk, brincadeira. Mas me impressionou como você escreveu sobre a Baía de Guanabara e suas impressões sobre ela sem a citar tanto.
ResponderExcluirSemestre que vem eu te conto klkkkkklkkkkk
ExcluirGenial! A sua crônica me fez lembrar fortemente da série Wandavision. É simplesmente a descrição da feiticeira escarlate e de todo o mundo paralelo que ela criou somente para poder passar mais tempo com os seus filhos (que só existem na mente da Wanda)
ResponderExcluirVocê começou e finalizou o texto muito bem! Prende o leitor!
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