S: Olá, caros leitores e leitoras. Você que decidiu ler este texto, saiba que não está lendo um texto qualquer. É um texto especial, um texto escrito não só por mim, mas também pela Simone por trás da Simone. Um texto que é a mais fictícia ficção e a mais real realidade, ao mesmo tempo. Sem mais delongas, vamos a ele.
?: Emoções. Emoções são os calafrios e os risos nervosos que se tem durante a leitura de um bom texto. São os incômodos, as “cabisbaixezas” e os sorrisos de canto de boca. Pensando nisso, optamos por rechear este texto com emoção, as mais diversas possíveis, tudo isso em um espaço de quarenta linhas e um deadline bem na esquina, para que consigamos captar o leitor de várias maneiras.
“O silêncio reinava. A culpa residia em todos. Sabiam que haviam deixado Nicole para trás. Decidiram fazer uma recontagem. Cinco, seis, sete… Nicole. A floresta era densa, a noite escura e Nicole perdida. Como puderam esquecer Nicole?”
?: Ótimo. Temos já um mistério a desvendar. A pobre menina esquecida na floresta. Agora é hora de florear o texto. Como é mesmo? ‘A metáfora da metáfora’, ‘dizer que ama sem dizer que ama’, usar repetições e criar um vínculo forte entre o leitor e a personagem. Vai ser difícil, mas vamos tentar. Prontos?
“Todos os olhares voltaram-se, então, para Alex, irmão mais velho de Nicole. Olhares não são só olhares quando carregam consigo um sentimento de aversão, de acusação. Todos eles sabiam que Alex era o responsável pela pequena Nicole, que poderia estar em perigo neste exato momento, e todos eles o culpavam por abandoná-la. Se quisessem encontrar a menina viva, era melhor agirem rápido.”
S: Ok, nada mau. Temos uma jovem e doce menina perdida na floresta e um irmão mais velho sendo culpabilizado pelo ocorrido. Precisamos agora ir um pouco mais fundo. É hora de chegarmos a um clímax, um clímax que prenda o leitor ao texto, que o faça suar, tirar a camisa, torcer por Nicole.
“O grupo se reúne na ausência de Alex, que, entre soluços, chora. Suas lágrimas se confundem com as primeiras gotas de uma tempestade que, em poucos minutos, inundará toda a região e porá Nicole em ainda mais risco. O grupo chega a um consenso: Alex, sozinho, deve ir atrás de Nicole. Ou voltam os dois, ou não volta ninguém, e se até o nascer do sol ele não estiver de volta com Nicole, deixá-lo-ão (Uma crítica bem encaixada ao presidente interino aqui render-nos-ia uma ponta da estrela.) para trás.”
?: Muito bom. Em uma autoanálise presunçosa, imagino que tenhamos, eu e Simone, rompido com o lead e aplicado técnicas jornalísticas com louvor, sem contar com a crítica ao linguajar excêntrico do nosso querido Michelzinho (o grande mesmo) e a antropologia dos julgamentos impensados. Por fim, temos de embrulhar o presente e entregá-lo, de bom grado, aos nossos estimados leitores.
“O solo lamacento é pesado. Alex desloca-se com dificuldade, dançando conforme a música das raízes que recobrem grande parte do caminho. Alex grita, berra, brada, clama, vocifera, ulula e outras mais palavras que denotam um chamado exclamativo pela pobre Nicole (Uma repetição sem repetição – é tipo dizer que ama sem dizer que ama), mas não há resposta. Após quilômetros e quilômetros de caminhada, Alex se vê perdido, engolido pela escuridão, de joelhos na lama, desesperançoso. E é então que o inesperado acontece: Nicol-”
?: Porra, Simone. Eu falei milhões de vezes pra deixar a xícara no outro canto da mesa. E agora, como que o pessoal vai saber o que aconteceu com a Nicole? Quer saber, eu dou o spoiler: foi queimada viva por uma enxurrada de café que um dos novecentos gatos da Simone derrubou no meu trabalho. Espero que esteja satisfeita. Vou pendurar a folha no varal, ver se seca pra eu levar na quinta. E não, eu não vou falar nada. Você que se entenda com o Pena.
Por Simone do Saxofone (e a Simone por trás da Simone)
Nossa Simone, quanta criatividade! Admito que realmente fiquei curiosa para saber o que aconteceu com Nicole. Amei o seu texto do começo ao fim, e nem vou me atrever a avaliá-lo, já que isso já foi muito bem feito no seu próprio trabalho. Parabéns! Um dos meus textos preferidos
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