Lembro até hoje a pirraça que minha amiga Thamirys fez quando foi anunciado o reboot da série de filmes do Homem-Aranha. Fã número um do herói, ela alegou que nenhum artista jamais faria uma atuação melhor do a de Tobey Maguire – ele é o Peter Parker, ele nem precisa entrar no personagem porque já o vive, ela argumentara. A partir das cenas curtas do trailer, Thamirys traçou por completo a personalidade do novo (e espetacular) Homem-Aranha, taxando-o de orgulhoso e decidido "demais para ser o Peter Parker de verdade". Eu discordei de sua atitude na época e defendi a atuação do Andrew Garfield (claro, afinal, há quem resista ao charme desse homem?), e tive o prazer de assistir ao filme no cinema com Thamirys apenas para ver sua resolução estilhaçar e seu amor pelo novo Homem-Aranha crescer a cada minuto que se passava.
Agora, cá estou eu fazendo o mesmo: entretanto, em vez de trailers, estou analisando crônicas escritas por Peter Parker – nosso Peter Parker de Jornalismo 2016.1 –, a fim de pressupor o caráter e personagem da pessoa por trás do pseudônimo. E, assim como minha amiga enganou-se ao presumir a personalidade do Homem-Aranha e terminou caindo de amores pelo Andrew Garfield (viu, falei que esse homem é irresistível), eu prevejo que o mesmo acontecerá comigo, portanto peço perdão desde já.
Sua linguagem leve e delicada, sua descrição com detalhes na medida certa encaixam perfeitamente com a perspectiva do universo infantil exibida por Peter Parker mais de uma vez. Isso prova que ele possui um quê de Tobey Maguire, tendo a mesma sensibilidade e ar romântico que a personificação mais "frágil" e sonhadora do Homem-Aranha. É para falar sobre sexo? Então escreve sobre um apaixonante jantar a dois e a solução de uma briga boba, típica de um casal imerso no mais puro amor. Mas seu olhar atento às coisas pequenas que poucas pessoas valorizam (e talvez seu ponto de vista seja minimamente idealizado) não se restringe a relacionamentos – como um verdadeiro herói, Peter Parker não ignora a visão dos fracos e oprimidos. O tema pode ser livre, mas Peter escolhe falar sobre autismo – um assunto ignorado e mal compreendido por muitos. O professor pode ter simplesmente lançado a palavra "golpe" no ar, mas Peter decide abordar a perspectiva daquela parcela do povo, dos excluídos da sociedade, que menos entende o que está acontecendo na política brasileira.
Nessa parte, Peter assume sua faceta mais "Andrew Garfield" ao ter coragem de criticar a corrupção enraizada no nosso país e o falho sistema educacional público (pois é, o vendedor de bala nunca se formará em Medicina). Ele também deixa de lado seu aspecto sonhador para retratar a realidade: sim, relacionamentos (sempre) chegam ao fim. Talvez esse não seja um viés pessimista, mas sim realista? E essa mesma necessidade de contar as coisas como realmente são fazem Peter não hesitar em questionar o estigma do comunismo como algo ruim apenas "porque sim e ponto final", e o consequente incentivo do capitalismo ao egoísmo.
Peter Parker é capaz de retratar igualmente um casal romântico e um à beira da separação. Parabéns, você é o equilíbrio e possui o melhor dos dois mundos.
Cora
Adorei! Ao trazer elementos como: você e sua amiga no cinema e atores que interpretaram o Peter Parker, você nos aproxima. Gostei muito como você ressaltou o aspecto de herói, com honra e excelência. Seu texto exerce a cidadania, rompe com o lead, tem uma visão ampla da realidade, potencializa os recursos do jornalismo, ultrapassa os acontecimentos do cotidiano e é profundo <3
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