Passei o final de semana gripada. Desde que entrei na faculdade me sinto doente, meu corpo sempre dói e as cartelas de dipirona acabam com uma rapidez inimaginável. A felicidade que senti quando soube que passei foi quase todasubstituída pelos problemas que encontro para frequenta-la. A necessidade, agora, fala mais alto. Necessidade de buscar um futuro melhor, necessidade de ter uma profissão, necessidade de ser alguém.
Voltando ao tedioso final de semana e a gripe intensa que me assombrava, comecei a pensar em vários momentos da minha vida. Deitada em minha cama, coberta até o pescoço e com um frio que não cabia em mim, lembrei da minha infância. Não gosto de criança, nem perto e nem longe, mas eu gosto da minha infância e de como eu era uma criança mimada e querida por todos, os holofotes eram voltados só para mim. Eu era, com certeza, muito “incutida”.
Depois de todos esses momentos doces e alegres veio a pior fase da minha vida: Pré-adolescência. Pra mim a adolescência foi muito traumática. Sabe aquela garota isolada, que usava roupas largas, tinha a cara cheia de espinhas e o cabelo desgrenhado? Prazer, Mônica. Eu não tinha amigos, colegas, conhecidos e nem mesmo um inimigo. A única coisa que me deixava orgulhosa nesse momento eram as minhas nota na escola. Sempre 10. Se eu pudesse anexar uma foto dessa época vocês não me reconheceriam e entenderiam o quanto esse momento foi traumático.
Quando entrei no ensino médio decidi que queria mudar minha aparência. As espinhas saíram e roupas mais justam foram adicionadas à minha vida. Entretanto, não mudou muita coisa, eu fiz amigos nessa época que vou levar para a vida toda, mas eu ainda era a garota isolada que tirava sempre 10. Comecei a acreditar que o problema era comigo, eu era a pessoa intragável e insossa que ninguém queria por perto. Essa parte não foi legal e eu prefiro pular.
Chegamos a tão esperada faculdade. Lugar onde tudo é impossível, principalmente tirar uma nota horrível que me garantiu horas de sermão. Depois de superar as paranoias que me assombravam, me considero uma pessoa ‘normal’, que faz coisas ‘normais’ e leva uma vida ‘normal’. E acho que ‘normal’ pode ser por pacata. A crônica dessa semana não tinha tema e depois de passar o final de semana deitada lembrando da minha não-tão-longa vida decidi que seria um bom tema.
Mônica do Legião
Olá, Mônica. Vejo que você tem um problema de aceitação contigo mesma, mas acredito também que isso ocorra com muitas pessoas e por isso que muitas pessoas se "encontrarão" nessa crônica. Você usa coisas que nos remetem ao nosso dia a dia, como o uso de dipirona, por exemplo, isso é um operador de intimidade que faz você se aproximar do leitor. Além disso, seu texto é perene, rompe as correntes do lead. Parabéns!
ResponderExcluirConcordo com Chris que a falta de auto-estima e a procura pela sua identidade é algo bem comum nessa fase, sendo assim realmente fácil de se identificar com alguns de seus relatos. Me senti bem próxima, como se você estivesse se abrindo comigo. O texto é perene, profundo e ultrapassa as barreiras do cotidiano.
ResponderExcluirOlá querida Mônica!
ResponderExcluirQuando li seu texto pensei: "Não é possível, ela está falando de mim?". Talvez tenha sido por isso que seu texto me tocou tanto, não vou mentir: A D O R E I!
Sobre as pontas, seu texto é totalmente perene e rompeu as amarras do lead. AMEI!
Beijos perfumados da sua querida Maria Antonieta!