segunda-feira, 4 de julho de 2016

Os Significados



Os prédios me assustavam e encantavam simultaneamente, a noite caia e o burburinho da cidade não diminuía, as luzes começavam a se acender. Eu e Amanda saíamos de uma cafeteria e pensávamos o que iríamos fazer em seguida. Ainda havia muito do que se desvendar pelas ruas e  avenidas daquela metrópole. Decidimos andar um pouco e ver no que dava, a cidade se ilustrava sob os nossos pés e começávamos a nos sentir parte da cena. Pessoas saindo do trabalho, com seus copos de café, correndo para chegar em casa e assistir os últimos capítulos da série e pedir comida chinesa, aparentemente todos ali faziam esse estilo. E ainda conseguiam ser tão diferentes e cosmopolitas. Era um passatempo ficar observando as pessoas que passavam, imaginando o que faziam e quem seriam, mas aquela viagem não se tratava disso.
Estávamos atravessando a rua, enquanto um lindo por do sol emoldurava tudo a nossa volta, quando uma ideia veio a minha cabeça, a ponta final da cidade poderia nos ser um lugar interessante de conhecer. Diziam que era lá que as histórias mais bonitas começavam e as vezes terminavam também. Falei para Amanda onde podíamos ir, e começamos nossa longa caminhada através das ruas. Quando chegamos já era noite, as estrelas brilhavam no céu e a lua iluminava o bairro. Haviam restaurantes, casas noturnas, bares, parques, nem parecia que havia anoitecido por ali. Ainda se encontrava vívido e animado. Nos sentamos em um dos bares e pedimos uma bebida, conversamos com alguns moradores e descobrimos diversas coisas que se podia fazer na região, rimos e nos divertimos. As horas passaram e nem percebemos, quando chegou um grupo de amigos, que gritavam o estilo e gênero daquele lugar e notamos como nos destacávamos ali. 
O grupo sentou-se perto de nós e após algumas bebidas começaram a querer puxar assunto conosco. Não nos intimidamos e entramos na conversa, um dos rapazes me olhava a cada 2 segundos e sorria, e na maioria das vezes eu o retribuía. Fomos noite a dentro conversando com eles e antes de irmos embora trocamos telefones.
Eram 14:00 do dia seguinte e o meu entorno parecia idêntico ao do dia anterior, pessoas saindo e chegando no trabalho, a correria para pegar o taxi enquanto passava o dia, tudo igual. Quando recebi a seguinte mensagem, "oi, sou o Nicolas e nos conhecemos ontem a noite no bar. Gostaria de saber se sairia hoje comigo, topa?". Nicolas era o garoto dos sorrisos, achei que não teria razão para não aceitar então o fiz. Combinamos em um restaurante que ficava em uma rua ligeiramente mais silenciosa que as demais. E quando deu a hora marcada me dirigi até o local, entrei e Nicolas já estava lá, ao me avistar abriu o conhecido sorriso e foi me cumprimentar. 
A noite foi completamente diferente do que imaginei, Nicolas além de ser uma ótima pessoa me ajudou a entender o real significado que permeava aquele lugar. Ele deveria ser considerado sinônimo para essa cidade, emanava luz e determinação. Com apenas uma conversa foi capaz de me mostrar o que carregava atrás de toda aquela simpatia, e foi com toda certeza capaz de me ensinar uma importante lição sobre liberdade. Toda as deslumbrantes construções, regras que delimitam nosso dia a dia não passam de invenções das pessoas, a vida é muito mais que isso, somos mais livres do que nos fazem acreditar. E se não fosse por Nicolas eu não perceberia isso. Os prédios me assustavam e encantavam simultaneamente, a noite caia e o burburinho da cidade não diminuía, as luzes começavam a se acender, no entanto, agora eu sabia que tinha toda a liberdade do mundo, ou o quanto eu quisesse ter.

Melissa C.

Um comentário:

  1. Adorei a parte em que a personagem fica observando as pessoas, faço muito isso também. Gostei da conclusão do texto, que remete ao início dele mesmo e principalmente de você ter introduzido a ideia de liberdade no final. Acho que seu texto potencializa os recursos do jornalismo, ultrapassa os limites do cotidiano e é profundo e perene.

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