sexta-feira, 3 de junho de 2022

 15 de Novembro

Todas as vezes que uma guarnição militar deixa a caserna, em geral ao raiar do dia, com o objetivo de derrubar um regime constitucional, essa ação tem apenas um nome: chama-se golpe militar. Vamos chamar esse golpe de Proclamação da República, ou o famoso 15 de Novembro.

15 de Novembro é uma das crônicas de Lima Barreto. Escrito em 16 de novembro de 1921, Barreto se questiona sobre o que é e como não deveria ser a República, 32 anos depois da Proclamação, data também do falecimento da princesa Isabel que, apesar de revelar não a exaltar como faziam os jornais à época, tinha simpatia por ela. Por não se achar capaz de responder a tais questionamentos, ou mesmo por pura ironia, apenas, joga para o leitor a relevância do debate político e econômico em um ano de eleições presidenciais. Lamenta pelo fato de o embate de ideias está restrito ao título do Código Penal.


As questões colocadas por Barreto, um século depois da publicação do texto, se mantêm permanentes até o presente momento. O autor registra as declarações de políticos sobre a crise social que vivia o império Austríaco, apesar de não ver lamento sobre a situação de miséria da Favela do Salgueiro, no Rio de Janeiro.
 
A ironia é a tônica da estruturação das linhas que terminam com o escritor chegando em casa para almoçar e, melancolicamente, lembrando que o 15 de novembro era uma data que a história mostrava ser um marco na evolução política do Brasil.
Por Pedro Bial da Depressão

Um comentário:

  1. Querido Pedro, concordo com você quando diz que as questões se mantém presentes até o momento. Parabéns pela reflexão.

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