sexta-feira, 10 de junho de 2022

Queridos indígenas, venho do ano de 2022 pedir encarecidamente que não deixem os portugueses se aproximarem. Devem estar se perguntando: "O que são portugueses?" vos respondo que são homens brancos, bem vestidos e que chegarão em caravelas. Façam de tudo possível para que eles não pisem em suas terras. No início, podem até parecer que estão do seu lado, são companheiros. Irão oferecer até objetos como espelhos e vestimenta. Pode parecer que são boas pessoas e só querem ajudar. Vos digo que não. Irão enganá-los e tentarão - infelizmente com sucesso - destruir seu povo, sua cultura e sua terra numa dominação jamais vista, o que chamamos hoje em dia de colonização.

Há um genocídio em curso de seu povo até os dias atuais. Ainda estupram suas mulheres, matam seus filhos e somem com vilarejos de um dia para o outro como aconteceu com os Yanomami. O homem branco mudou de face, se modernizou. Dos portugueses a Bolsonaro, o mal continua a rodar e o pior de tudo: é legitimado por boa parte da população. Inclusive há estátuas dos bandeirantes em nossas ruas. Sim, você leu certo. É inacreditável para mim também. Peço as mais singelas desculpas, a propaganda colonialista e imperialista é tão forte que muitos passaram a acreditar na mentira de que vocês, indígenas, não somos nós. Devem estar com raiva, eu sei. Porém digo que muitos estão do seu lado, eu diria a maioria.
Vocês não imaginam no que a sua terra se transformou, gostaria que vissem. Ou melhor, já estão vendo. Vocês são resistentes, sempre foram. E suas futuras gerações ainda estão aqui, no que chamamos de Brasil, resistindo bravamente. Como são guerreiros. Verdadeiros heróis nacionais. Lutaram contra o colonialismo e seu filho, o imperialismo. E ainda continuam aqui, em número menor - obviamente - devido ao genocídio. Contudo, ainda de pé lutando pelos seus direitos. O direito à terra e, sobretudo, o direito de existir.
Por fim, peço que os matem, se possível. Quando avistarem caravelas, os ataquem com flechas e barbatanas. Não, não se sintam culpados. Não tenham pena, será em legítima defesa e nos poupará de um enorme sofrimento. O colonialismo é uma doença e assim deve ser tratada.

Por vocês e para vocês.

Com amor, Malcom.
Por Malcom King

Nenhum comentário:

Postar um comentário