sexta-feira, 14 de outubro de 2022

Game over

  Quando pensamos em família, pensamos em amor, apoio e compreensão, na minha é diferente. O amor e a compreensão foram sendo deixados de lado à medida que o ódio tomou conta, através de atos e pensamentos de parte da família. Tornou-se comum ver pessoas se odiando a qualquer momento, mas em casa tornou-se comum por causa dela.  

Ela sempre foi assim, mas eu só percebi quando tinha idade suficiente e um líder apareceu para dominar e aflorar os pensamentos narcisistas dela. 

Nós nunca fomos ricos, mas também nunca fomos pobres, aquela classe média mais perto da baixa do que da alta. Mas, eu sempre percebi um preconceito da parte dela com a classe mais pobre, principalmente com os “favelados” - como ela chama -, sempre fazendo piadas e julgando a aparência e atitudes dessas pessoas, e sempre querendo se afastar o máximo delas. É cômico pensar que ela quer afastar um grupo que é tão semelhante ao dela, ao mesmo tempo que sabe que o grupo dos ricos não a acolheria. Mas em seu mundo utópico, mesmo não tendo o que os ricos conservadores valorizam, ela faz parte deles. Será que ela sabe o que essas pessoas pensam dela?

  Depois que o Jair Bolsonaro foi eleito presidente do Brasil em 2018, essas características da minha tia afloraram cada vez mais, a cada discurso do homem, mais preconceito crescia nela. Lembro de quando estávamos no carro e eu coloquei para tocar uma música da Ariana Grande e na mesma hora ela, acompanhada de uma cara emburrada, falou: “Só ouve música de mulher, você é lésbica, por acaso? Não ouve música de homem nunca, que absurdo.”. E desligou o rádio. Esse não foi o único episódio de preconceito “velado” da parte dela. Ela faz questão de fazer comentários duros e preconceituosos como

“Ah, ele é branco, mas tem cabelo duro", “Isso aí é homem ou mulher, esse povo inventa cada atrocidade!” entre outros, e sempre que eu tento conversar com ela e ensiná-la, ela faz questão de virar os olhos e falar que eu sou chata e cheia de “mimimi”. 

  Percebo agora o quanto as semelhanças geram embates, pelo fato dela querer lutar contra aqueles que mais se parecem com ela e aceitar de bom grado os multimilionários que sabem dançar conforme a música, enganando todos à sua volta. E não para por aí, porque toda essa barbárie é justificada pela “cidadã de bem”: Em defesa da pátria, da inocência das crianças e dos valores da igreja. Logo ela, que sempre enalteceu tudo dos Estados Unidos, fazia piadas eróticas na frente dos filhos e já fez até relações sexuais na frente deles e nunca vai à missa. Totalmente hipócrita. Ela sempre teve esse desejo reprimido de controle e certa superioridade em relação aos outros, e hoje consegue ser ela mesma sem medo, destilando seu ódio por onde passa e causando receio em quem pensa diferente dela. Tenho sorte que o resto da família não compartilha as ideias dela, mantendo esse ódio em um ping-pong de uma raquete só, ela arremessa em mim, mas nunca é defendida ou apoiada. O jogo acabou.


Daenerys Targaryen


2 comentários:

  1. Realmente é difícil quando ocorre o narcisismo dentro da própria família.

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  2. Que situação chata, mas que bom que a sua família não é igual a ela

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