Atenderei ao tema dessa semana nomeando um pseudônimo para a pessoa de quem irei falar: Perséfone.
Ela é uma das pessoas mais próximas a mim. Me ajudou a moldar caráter, conhecer certa faceta que pudera do mundo, entender determinados pensamentos, bem como outros e outras na minha criação. Escolho falar dela por seu ego peculiar.
Primeiramente, que não se exime sua capacidade de altruísmo e vontade de ajudar outros. Sempre foi assim, e sempre aprendi que era. Mas, até isso era para a construção de seu ego, no meu modo de ver.
Sempre foi, na família de tantas dezenas de pessoas – contando diversos graus de parentesco –, a matriarca política. Esteve no auxílio do pensamento moldado ao conservadorismo que norteou o comportamento dos parentes menos afortunados de oportunidades de estudo. Diversas opiniões tão polêmicas nos dias atuais ajudaram a ser desenvolvidas por essa influência. Não à toa, o município do qual a família veio registrou mais de 70% dos votos em um falso Messias no último dia 2.
Perséfone é doce, amorosa, cuidadosa, uma das melhores pessoas que já conheci. É também uma das melhores pessoas egoísticas que já conheci. Ainda está presa a inúmeros preconceitos estruturais que cisma que não são preconceitos. É a típica pessoa que lhe falaria “mas eu tenho até amigos X, Y etc.”. E por mais que haja, de fato, uma acelerada evolução cultural num sentido nada mais que correto de afundamento de preconceitos enraizados, e que Perséfone tenha o coringa de dizer que não acompanhou o ritmo, acho necessário e primordial o apontamento desses erros na sociedade de hoje.
Eu amo Perséfone, e vou para sempre amar. Espero tê-la por mais anos e anos comigo. Mas, como disse em outra crônica, nada pode ser “irrelativizável”, nem mesmo o amor. Amo-a, conhecendo todos os seus defeitos que considero haver.
E aí vêm algumas lições. Ora, como posso reconhecer diversas falhas e defeitos e, ao mesmo tempo, orgulhar-me de como Perséfone ajudou em minha construção de sujeito? Pois bem, digo-lhe que a construção, a concepção é sobre o Sim e sobre o Não. É sobre entender o que está certo, e o que não está certo. E o que está certo para mim, e o que não está certo para mim. E, ainda, o que é o terceiro. Afinal, busco sempre falar aqui que não gosto dessa dualização de opções, dessa polarização... Que haja um espectro, com atitudes e consequências destas.
Perséfone me ajudou e ajuda como exemplo. Afinal, todos somos uns para os outros. Exemplos de coisas que concordo, exemplos de coisas que discordo. Cabe a mim filtrar. E cabe a todos esse mesmo exercício com suas Perséfones, ao meu ver.
Com certeza, o clímax dessa história não se encontraria no seu reflexo. Perséfone, assim como tantos outros que poderia aqui descrever, é complexa e contraditória. Afinal, é humana. Vai infernizar e ser infernizada, vai purgar, vai ascender. E tenha fé que vai. Não é essa a crença que não se pode explicar?
Aqui, optei por uma viagem geográfica pelo Mediterrâneo e usar de uma mitologia nativa de uma nação avizinhada para me ajudar nessa história. Que esteja posto que não escolhi tal personificação pela narrativa encontrada em Hades, mas por outro motivo. Afinal, todos sabemos onde mora.
por Dante Alighieri II
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