quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

A Verdade Sobre "Amor de Irmão"


Eu tenho dois irmãos. Um deles é por parte do pai e ‘’adotivo’’ (uma longa história que eu talvez volte a contar em uma próxima oportunidade), ele nunca morou comigo, mas sempre esteve ocupando na minha mente o lugar de irmão mais velho. Meu outro irmão é o oposto do primeiro, nós compartilhamos pai e mãe e nunca moramos separados; ‘’O que ambos têm em comum, então?’’ vocês devem estar se perguntando, e minha resposta é bem simples: minha personalidade é formada em consequência das minhas experiências como irmã de cada um deles; uma dualidade entre a irmã mais velha, o modelo a ser seguido e a irmã mais nova de uma pessoa quase imaginária.

Falando primeiro do meu irmão mais velho, ele é responsável pela minha vulnerabilidade, minha espontaneidade e a minha falta de maturidade. Por ser uma pessoa que sempre teve o título de irmão mais velho, mas nunca a responsabilidade que essa função exige para comigo, eu cresci sempre o buscando em outros lugares e situações que não envolvessem minha família, alguém que me aconselhasse e protegesse. Passei por diversos grupos de amigos. O que nunca mudou? O vínculo criado com um menino mais velho que compensasse a ausência do irmão que só existe na teoria, mas nunca esteve perto.

Meu segundo irmão nasceu sete anos depois de mim. Seu nascimento resultou em uma diminuição drástica na jornada de trabalho dos meus pais, fato que comigo, a filha não planejada, não aconteceu. Ele teve auxílio dos meus pais para estudar, comer e socializar; eu comia com a babá, estudava sozinha com meus livros e socializava sem precisar de intermédio de adultos. Ser a irmã mais velha e independente me tornou extremamente competitiva, protetora, compreensiva e acostumada a fazer grandes coisas sem receber os devidos créditos, afinal sempre entendi que existia outro ser que demandava mais atenção.

Queria dizer que não culpo meus irmãos pelos traumas e dores que sinto, também não culpo meus pais, entendo que eles fizeram o melhor que puderam, me deram o melhor que conseguiram e sim, me amam e sentem orgulho de mim. Sou grata por ter crescido como cresci, enxergo minhas batalhas como processos que levaram a partes da minha personalidade que mais admiro: meus irmãos me fizeram ser ambiciosa, focada, criativa, leal e competente; não existe dor que possa ser maior que isso.

Maria Antonieta 

12 comentários:

  1. Parabéns pelo texto , Maria. Acredito que essa sua questão com seus irmãos só lhe fez crescer mais e mais.

    ResponderExcluir
  2. Oi, Maria Antonieta! Parabéns pelo texto, que bom que você conseguiu crescer apesar de tudo! <3

    ResponderExcluir
  3. Coisas de irmãos mais velhos ... entendo muito bem essa coisa de fazer isso sem ganhar os creéditos por ter pessoas que requere atenção.

    ResponderExcluir
  4. Ei, Maria! Achei muito interessante seu relato e seus pensamentos em relação aos acontecimentos da vida, desde o começo até a conclusão do texto e da reflexão. Parabéns!

    ResponderExcluir
  5. Pelo seu texto deu pra perceber que você tem uma visão bem madura sobre tudo isso. Que bom!

    ResponderExcluir
  6. Parabéns, Maria Antonieta. Certamente essas questões fizeram você ser quem é hoje, e que bom que você conseguiu tirar um aprendizado disso.

    ResponderExcluir
  7. Maria, senti toda a intensidade dessas relações. Espero que esteja bem e que tenha superado.

    ResponderExcluir
  8. Muito interessante a forma como no texto, você dividiu as dores e explicou sua relação com cada irmão. Espero que fique tudo bem!

    ResponderExcluir
  9. Maria Antonieta, obrigada por compartilhar com a gente suas emoções. Você disse num comentário direcionado ao meu texto que gostaria de escrever de uma forma mais leve e aberta, mas ao ler o que você escreveu puder perceber que fez exatamente isso. Espero que você floresça cada vez mais! Abraços.

    ResponderExcluir
  10. Maria, texto muito fluído. Em relação a sua questão, espero que essas relações não sejam mais um incômodo na sua vida, espero que você consiga superar essas situações.

    ResponderExcluir
  11. Ei, Maria!

    Lendo o seu texto eu não pude parar de pensar no tamanho da força e maturidade que você tem! Realmente foi impressionante para mim. Achei incrível como você lidou com a toda a situação. Foi sutil e muito verdadeiro. Você é um grande ser humano!

    Tenho certeza que você é o orgulho de seus irmãos também.

    ResponderExcluir
  12. Parabéns pelo texto e pela maturidade, maria! Sou o irmão caçula e sei como é dificil a sua posição.

    ResponderExcluir