Oi, não preciso seguir o clichê de perguntar se tá tudo bem, porque eu sei que tá. Aliás, vamos ser justos? Eu sei que tá tudo ótimo. Conheço bem demais seu jeito imediatista e impulsivo de ser, fazer o que dá na telha e pouco se importar com as consequências. Talvez por isso pareça muito estranho o que eu vou te dizer: sabe a visita semanal que você faz à vó Maria? Aproveite cada segundo como se fosse a última vez que você fosse vê-la. Calma, ela não morreu, mas uma inofensiva visita , hoje, pode qualificar um homicídio culposo.
Eu imagino que você esteja completamente confuso, mas a faculdade tem me tomado bastante tempo, então eu só posso te dar um breve resumo. No momento que eu escrevo essa carta, um vírus tipo o H1N1 em 2009 já matou mais de 2 milhões e meio de pessoas no mundo e continua tirando, por dia, mais de 10 mil vidas. É, como você deve imaginar, os idosos são os mais afetados e, pra piorar, o imbecil do Bolsonaro tem a pior gestão do planeta nesse quesito e, 10% das mortes são só no Brasil. Enfim, vou tentar te dar uma dimensão melhor do que tá acontecendo. No dia que eu to te escrevendo isso, o Flamengo tem a maior decisão do ano, se ganhar , é campeão brasileiro. Ainda sim, tá nublado. O time do povo não vai levar milhões às ruas, sequer milhares. Não teve carnaval, as pessoas estão cada vez mais amargas; o calor humano pelo qual a Cidade Maravilhosa é mundialmente conhecida deu lugar à frieza das relações limitadas pelo uso de uma máscara e uma distância de metros, como medidas de proteção ao vírus.É triste, revoltante. Imagino a porrada que deve estar sendo pra você ler esse texto, te adianto que é uma breve sinopse da incalculável desgraça causada pelo vírus. Prepare-se.
O mundo tá irreconhecível, você tá irreconhecível. Tudo aquilo que imaginou sobre o início da faculdade, esqueça. Você fez sim uns 6 amigos, mas a relação mais profunda que tem com eles é ligando a câmera do computador pra ter uma fria reunião, num frio quarto, de um frio mundo. Bom, eu imagino que você também não precise perguntar se tá tudo bem, né?
Rato Guaraná
Bom lembrar que você tem amigos para lançar um "amo vcs" e deixar a chamada por vídeo um pouco menos fria em um mundo tomado pela Elsa de Frozen.
ResponderExcluirÉ "punk" ter que lidar com essas coisas. Expectativas foram totalmente mudadas pelas pandemia. Analisando o lado bom, fico feliz que já tenha as suas amizades com parte de seus colegas. Espero, em breve, estar entre eles. Se cuide, Rato Guaraná do presente.
ResponderExcluirParabéns , Rato! Belíssimo texto e muito interessante o recurso que você encontrou para escrevê-lo, em forma de carta pro passado.
ResponderExcluirGostei muito do seu texto! É extremamente frustrante saber que as coisas não estão perto de melhorar, mas eu tenho certeza que tudo isso vai passar e possamos curtir a faculdade presencialmente. Faço das palavras do Modo Anônimo as minhas: espero poder me juntar ao grupo, talvez um dia.
ResponderExcluirGostei demais do modo que você retratou nossa cruel realidade. Realmente uma desgraça esse vírus. Seguimos na esperança de tudo passar. Parabéns pelo texto, Rato!
ResponderExcluirParabéns pelo texto! Acho que todos nós sentimos muito dessa revolta com a situação em que o mundo está.
ResponderExcluirParabéns pelo texto, rato! Adorei a forma como você escreveu, interessantíssimo ter escrito uma carta para seu eu do passado! Também queria poder voltar no passado e alertar meu eu de antes para aproveitar todos os segundos! Perfeita a forma que expôs seus sentimentos, consegui sentir eles daqui! Espero que o mundo que você considera frio acabe quando tudo voltar ao normal!
ResponderExcluirNão sou seu eu do futuro mas também tomei uma porrada lendo seu texto. Mesmo vivendo nesse momento como você, ainda é bizarro ler sobre ele e sobre tudo que estamos deixando de viver. Gostei muito do seu texto, Rato Guaraná. Escrita boa de acompanhar!
ResponderExcluirRato Guaraná, queria ter escrito essa mesma carta para a Tessa do passado. Estou tão afetada que quando saio na rua nem parece que a gente tinha uma vida antes das máscaras. Nesse ritmo, não vejo sinal da vacina, principalmente com esse (des)governo. A faculdade que a gente sonhou parece tão distante. EAD? Olhar para bolinhas? Contato físico? Pois é. Espero que você fique bem. E mesmo que saiba somente seu pseudônimo, - mais uma barreira adicionada além do EAD - espero que, no futuro, sejamos amigos! Mandando energias positivas! Parabéns pelo texto.
ResponderExcluirParabéns, Rato! Seu texto foi muito reflexivo ao mesmo tempo que foi decisivo sobre seus pensamentos, não houve espaço para dúvidas. Este Brasil regido por um "ótimo" presidente em um mundo ameaçado por um mortal vírus realmente não é o que eu imaginava 1 ano e meio atrás... as surpresas da vida!
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