"Meu avô vai sentir muita saudade de você, sabia?". Envolver a família alheia em certas situações deveria ser considerado pecado. Ou até crime, talvez.
Questiono-me muito sobre qual tipo de memória (baseada nos cinco sentidos) é mais marcante.A visão vem logo à cabeça, imagino, pois todas as ocasiões visuais são gravadas em imagens: todas as "primeiras vezes" de olhares, sorrisos, beijos, choros, passeios e blá blá blá. Mas isso todos sabem, o que não sabem é que assistir a "O Aprendiz de Feiticeiro" na Sessão da Tarde se tornou, pra mim, uma tarefa bem mais complicada que o usual e, bom, preciso da visão pra isso.
O paladar, bem, o paladar né... Tentando fugir ao clichê dos beijos (disse após escrever 10 linhas de puro clichê e se preparando para mais), falarei da comida japonesa que a gente pedia - aqui do restaurante do bairro mesmo - quase todo final de semana, na sua casa. Pois é, apenas um inocente hot filadélfia.
A audição fica responsável por, talvez, a parte mais capitalista de todo o processo. Calma, já explico. Não há ninguém que se contente mais com términos do que os artistas, com exceção de apenas um grupo do mesmo meio musical: os CEO's do Spotify. O número de horas ouvidas daquele(a) determinado(a) cantor(a), passando por todos os gêneros musicais existentes, chega a quintuplicar. Além das músicas já feitas para o sofrimento (vocês já sabem quais, não preciso me alongar nessa parte), só de ouvir uma banda com um cantor que usou bastante autotune em uma determinada música faz todos os sentidos se misturarem novamente na cabeça em uma só voz. E é claro que passo a lembrar não apenas da música específica, mas sim toda vez que ouço a banda, já que você que me apresentou a ela. O algoritmo do Spotify, que não é bobo nem nada, claro que já sabe disso também e coloca tudo na ordem certinha. Parabéns, capitalismo, você venceu nessa.
O tato fica responsável pelos momentos mais repentinos. E foi esse mesmo toque que secou nossas lágrimas de quando choramos ao conversar, perceber e concordar que não teríamos mais como continuar. Uau, do nada, né? Pois é.
O olfato, engraçado, pra mim, tem cor. É roxo, a mesma cor desse meu moletom que tá guardado aqui no meu guarda roupa mas que ficou muito tempo nas suas coisas. Só peguei ele de volta vários meses depois daquela noite, e, é claro, ficou com seu cheiro (e o do seu amaciante).
Depois dessa palestra de biologia sobre os cinco sentidos do (des)amor (o prefixo -des aqui significando ruptura, se é que posso fazer uso dessa licença poética), tudo se converge à última noite, na qual todos os sentimentos aconteceram desse jeito pela última vez. Por sinal, a gente sabia, mas eles não sabiam que era a última vez. Seu pai se despediu normalmente de mim. Sua irmã também, mesmo que estivesse no celular, distraída. Sua mãe se despediu lá de longe, pois estava ocupada. O seu avô não estava fisicamente lá, mas estava incluso na nossa conversa minutos antes. Isso, o mesmo avô do começo desse texto (que, por sinal, já deveria ter acabado). Espero que esteja bem.
Rosto Fosco
Oi Rosto Fosco,
ResponderExcluirComo grande admiradora de grandes romances que nem sempre terminam bem, eu amei seu texto!
Me identifiquei com a sua dor e sei como é o vazio pós término, mesmo que meu moletom não fosse roxo, mas sim amarelo mostarda. Comer hot filadelfia para mim também tem outro significado depois do que aconteceu, lendo seu texto pensei se esse prato atrai desamores e desilusões...
Acredito que você saiba que a dor e o vazio logo são substituídos por liberdade e entusiasmo de viver, as lavagens tiram aos poucos o cheiro de amaciante e você vai descobrir várias outras opções a serem exploradas no cardápio do japonês. Tudo fica bem, cada dia que passa funciona como uma pomada cicatrizante agindo direto nas nossas feridas.
Espero que você esteja feliz e realizada, má cherie ❤️
Oi Rosto Fosco,
ResponderExcluirComo grande admiradora de grandes romances que nem sempre terminam bem, eu amei seu texto!
Me identifiquei com a sua dor e sei como é o vazio pós término, mesmo que meu moletom não fosse roxo, mas sim amarelo mostarda. Comer hot filadelfia para mim também tem outro significado depois do que aconteceu, lendo seu texto pensei se esse prato atrai desamores e desilusões...
Acredito que você saiba que a dor e o vazio logo são substituídos por liberdade e entusiasmo de viver, as lavagens tiram aos poucos o cheiro de amaciante e você vai descobrir várias outras opções a serem exploradas no cardápio do japonês. Tudo fica bem, cada dia que passa funciona como uma pomada cicatrizante agindo direto nas nossas feridas.
Espero que você esteja feliz e realizada, má cherie ❤️
Oi Rosto Fosco,
ResponderExcluirComo grande admiradora de grandes romances que nem sempre terminam bem, eu amei seu texto!
Me identifiquei com a sua dor e sei como é o vazio pós término, mesmo que meu moletom não fosse roxo, mas sim amarelo mostarda. Comer hot filadelfia para mim também tem outro significado depois do que aconteceu, lendo seu texto pensei se esse prato atrai desamores e desilusões...
Acredito que você saiba que a dor e o vazio logo são substituídos por liberdade e entusiasmo de viver, as lavagens tiram aos poucos o cheiro de amaciante e você vai descobrir várias outras opções a serem exploradas no cardápio do japonês. Tudo fica bem, cada dia que passa funciona como uma pomada cicatrizante agindo direto nas nossas feridas.
Espero que você esteja feliz e realizada, má cherie ❤️
Adorei seu texto, muito criativa a forma como você usou os sentidos na construção dele!! Sinto muito pelo o que você passou, mas acho que essa história daria uma boa letra de música! :)
ResponderExcluirNETFLIXXXXXXXXX QUERO UMA SÉRIE CLICHE PRA ONTEM AAAAAA QUE LINDO
ResponderExcluirQue texto fantástico, parabéns pela criatividade!
ResponderExcluirQuanto a sua dor, vai passar e vai ficar o carinho por todas as memórias. Permita-se viver cada fase, até as mais difíceis em que você só vai querer chorar, elas fazem parte da vida. Um dia você vai olhar pra trás, sorrir e agradecer!
Que texto fantástico, parabéns pela criatividade!
ResponderExcluirQuanto a sua dor, vai passar e vai ficar o carinho por todas as memórias. Permita-se viver cada fase, até as mais difíceis em que você só vai querer chorar, elas fazem parte da vida. Um dia você vai olhar pra trás, sorrir e agradecer!
Adorei o texto, Rosto. Ácido com pitadas de sentimentalismo e maturidade. O que foi bom jamais será esquecerá, mas a vida não para!
ResponderExcluirRosto Fosco, seu texto é sem dúvida um dos mais bonitos que já li. Tudo se encaixa e suas metáforas fizeram total sentido (particularmente, eu adorei a do capitalismo). Adorei a forma como você começou e, no final, eu tive uma explosão de "ah meu deus!!!!!" quando entendi tudo.
ResponderExcluirParabéns pela escrita maravilhosa.
Em relação ao sentimento que você externizou: eu me sinto 100% nele. Infelizmente nem tudo dura para sempre, e acho que é isso que torna tudo mais belo. Qual graça teria a vida se tudo fosse para sempre? Certamente você não teria amado tanto, sentido tanto e se entregue tanto.
Você vai achar outra pessoa que te faça sentir da mesma forma.
Tem uma frase que eu ouvi e me fez muito bem ouvir na época "Você se apaixona mais de uma vez. E será mais intenso do que da primeira vez. E talvez mais doloroso. Mas acontecerá de novo. Mas até lá... seja sua própria âncora." (Teen Wolf)
Enfim, eu simplesmente amei seu texto e obrigada por ele.
Adorei o texto, Rosto! Me senti envolvida na história e a leitura foi prazerosa, como se estivesse lendo um livro de romance. É necessário encerrar um ciclo para se iniciar outros. Espero que fique bem.
ResponderExcluirEu simplesmente experimentei todos os sentidos somente ao ler seu texto!
ResponderExcluirFoi brilhante! Parabéns pela sensibilidade!
Que texto criativo, adorei a forma como utilizou os sentidos e os seus sentimentos para criar metáforas tão inteligentes. A do Spotify com certeza foi a mais engraçada, mas o plot wist do avô o mais surpreendente. Parabéns pelo texto e pela sensibilidade em escrevê-lo1
ResponderExcluir!!!*
ExcluirRosto, adorei a forma com que trabalhou os sentidos e os relacionou não só com a sua dor mas com a história por trás dela.
ResponderExcluirRosto fosco, lindo texto. Consegui sentir cada palavra e todos os contextos. Adorei o formato cíclico que você estabeleceu. Começa com o avô e termina com o avô. Aguardando os próximos ansiosamente!
ResponderExcluirRosto Fosco, gostei muito do texto e das especificidades nele. O ciclo que construiu foi único, adorei!
ResponderExcluirRosto fosco, queria ter essa criatividade escrevendo. Me senti lendo grandes autores da nossa literatura, parabéns pelo texto, mesmo!
ResponderExcluirTexto fascinante, Rosto Fosco! Leria um livro seu fácil, porque sua escrita me prendeu bastante. A forma como usou os sentidos foi incrível. Parabéns! Adorei!
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