quinta-feira, 18 de abril de 2019

A violência que nos cerca.


        Um trauma vem quando você menos espera. Não da para prever, muito menos se precaver. Então, o que fazer quando ele vier? Aquele momento difícil na sua frente que te atinge fisicamente e devasta seu psicológico, que te deixa sem reação e faz o ‘’depois’’ se tornar tão ruim quanto o ‘’agora’’. Essa pergunta, caro leitor, eu não vou saber te responder, porque ainda não respondi a mim mesmo.
        Numa tarde de terça-feira, que tinha tudo para ser comum, me preparo para mais um dia da minha rotina nada interessante. Pego mochila, chaves, um dinheiro para comer e o celular. Ah, o celular... Aparelho cada vez mais indispensável. Eu tinha acabado de ganhar de presente e havia ficado muito feliz.
        Com fone de ouvidos, caminhava conforme a música que ritmava o meu trajeto e me desconectava do mundo. O montante de emoções que a aquela canção me passava fazia ser a favorita, aquela que a cada estrofe cantada gerava uma reflexão e que, provavelmente, já tinha se repetido três vezes naquele dia. A conexão gerava distração e, nesse momento, eu agi contra mim.
        O gosto de sangue na boca me causou confusão. As memórias chegavam devagar, como se estivessem fazendo download na minha mente. Até que eu lembrei... Havia acabado de virar a esquina e me pararam, um homem um pouco mais alto puxou o meu fone de ouvido, interrompendo a canção que me guiava. No susto, reagi. Eu o empurrei na tentativa de fugir, até ser atingido por trás. O lindo dia de sol foi ficando mais escuro bem devagar, até que apaguei.
        Até hoje lembro de quando acordei, dos sentimentos que corriam pelas minhas veias, da confusão que trovejava no meu cérebro e na sensação de impotência que cobria a minha alma. Lembro-me do nariz sangrando, pernas e braços machucados. Eu estava sem tênis, sem celular e sem mochila. Encontrava-me paralisado, apavorado e dolorido. Os dias passam, os machucados no corpo somem, contudo, as marcas no psicológico são eternas e, mesmo 4 anos depois, eu ainda consigo me ver deitado naquele chão.
Larry Bird

Um comentário:

  1. Oi, Larry! Muito triste pensar que qualquer um está sujeito a passar pelo o que você passou! Todo mundo fala pra não reagir, mas a verdade é que na hora a gente não tá pensando muito, né?!

    A única crítica que eu tenho pra fazer é, na verdade, uma sugestão. Acho que ali no final ficaria melhor se você pontuasse ao invés de usar vírgulas.
    "... contudo, as marcas no psicológico são eternas. Mesmo 4 anos depois, eu ainda consigo me ver deitado naquele chão. "
    Ao meu ver, dá um efeito mais marcante pro final.
    Só isso mesmo!
    Bjs <3

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