quinta-feira, 4 de abril de 2019

De: eu, para: nós

Ser mulher é duro. Sempre foi. Somos ensinadas a nunca estarmos felizes com nós mesmas. Nossa primeira boneca foi a Barbie: alta, loira, magra em medidas desproporcionais. Fomos apresentadas às princesas da Disney: todas magras e esbanjando "feminilidade".

Na adolescência, passamos a querer desenvolver o famigerado sex appeal. Seios e quadris voluptuosos com barrigas chapadas. A Kylie Jenner é assim, não é? 

Nada ao entorno parece cooperar. Meninos costroem uma visão completamente distorcida do corpo feminino. Não, peitos naturais não desafiam a gravidade como no seu pornô. Muito menos a maioria de nós tem flexibilidade para aquelas bizarrices.

E se a sua família não é abusiva e não comenta de 5 em 5 minutos sobre o quanto engordou e de como refrigerante dá estria, você é privilegiada sim. As inseguranças como: "Minha bunda poderia ser maior", "Não tenho peito", "Estou muito gorda", apenas aumentam.

Todas temos noção de que nada que vemos na TV, revistas, filmes de qualquer gênero ou até mesmo no Instagram é real. E se você é uma pessoa boa, consegue realmente ver a sua amiga acima do peso como bonita. Do contrário, faz piadas maldosas pelas costas.

Então por que eu, militante, nova, ativa e com noção dos diferentes biotipos, que combate todo o padrão de beleza irreal e consigo ver graça em todo mundo ao redor, simplesmente não aguento me olhar no espelho? 

Poderia ser mais magra, meu nariz poderia ser menor, minha boca poderia ser maior. Ainda não uso vestidos grudados, ainda tenho vergonha de colocar um biquini, ainda apago a luz ao tirar a roupa.

Melancolia me abate e rio com pesar. Tolas somos nós, achando que alguém vai nos aceitar enquanto nos rejeitamos.
Capitu Oblíqua

4 comentários:

  1. VONTADE DE DIVULGAR ESSE TEXTO PRA DEUS E O MUNDO
    PUTA VERDADE, FALOU TUDO. E AINDA USOU O MEME DO "É PRIVILEGIADO, SIM!"
    CASA CMG CAPITU OBLÍQUA
    O Pena falou que era pra ter sangue nos comentários, mas como não tenho nada pra criticar, vou usar sangue como militância, já que tem a ver com o tema da crônica:
    Menstruação é algo natural, limpo e lindo. Não tenham nojo de sua natureza cíclica e dos seus próprios corpos.

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  2. Gostei do texto. Gosto quando colocamos verdade no que escrevemos, fica muito melhor! Vou aproveitar pra te dizer que a gente não se aceita de uma hora pra outra, é todo um processo logo que, uma hora, acaba. Não se cobre tanto, apenas se respeite! O amor próprio chega e não tem nada a ver com cobrança!Estamos juntas nessa luta, nós por nós ;)

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  3. Senti arrepios ao ler, já que me identifiquei tanto com seu texto. E acredito que outras pessoas irão se identificar também. Seu texto transpira muita verdade e sentimento, o que torna a leitura ainda mais prazerosa. Parabéns! E, citando a Heloísa Dandara acima, "nós por nós". Abraços!

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  4. Notas:
    Primeiro parágrafo: "nós mesmas", poderia ser substituído por "conosco"
    Erro de digitação no terceiro parágrafo *constroem.
    Biquíni* sem acento no penúltimo parágrafo.
    Além disso, acredito que "rejeitarmos" ficaria melhor no último parágrafo

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