Eu
escrevo a você, caro leitor, em meu leito de morte, mas não fique triste ou com
pena de mim, é apenas mais uma história, e hoje vim contá-la e escrever seu
final. Bom, eu sempre vivi nas sombras, dos meus sonhos, dos meus atos e de mim
mesmo. Era velado por uma capa que me escondia dos tormentos, mas sufocava. Não
sei ao certo em que momento eu vesti e assumi essa capa...Na verdade, acho que
no fundo nunca passei de uma sombra dessa capa preta, sempre rodeando com
curiosidade sob sua obscuridade e mistério. Mas pera aí, minha infância e adolescência
foram, em certo padrão, muito boas, eu fiz coisas boas, deixei muitas pessoas
felizes, mas e eu, eu era feliz? Quem eu era afinal? Era apenas o reflexo do
que olhava no espelho, ou era o que eu não via através da minha imagem no
espelho?
Lembro-me
que um dia, a capa preta me notou, e foi tão confortável me esconder dentro
dela, apenas tirando-a perante os outros. Usá-la para me confortar e conformar
diante da triste realidade era apenas um disfarce e esconderijo temporários,
porque no fundo eu ainda era um grande melancólico ranzinza, cansado de
decepções e profundas tristezas. Não durou muito tempo para a capa preta me
tomar por inteiro, deixei de ser unicamente o adolescente emo, que escrevia
poesias e ouvia Evanescence. Eu era a própria Sombra em si, não era mais uma
capa, era uma alma perdida... Eu simplesmente vagava rumo ao nada e ao
vazio que construí e interiorizei em mim.
E
foi sendo Sombra, que tive coragem de vir aqui, escrever essa carta, sentado
confortavelmente em meu sofá, diante da dose exorbitante de remédio que tomei e
sendo dominado pelo maior vazio que já senti. E se ainda não está claro em meu
testamento ou queres me ver, ler, enquanto escrevendo isso, sim eu cometi
suicídio. Na verdade, prefiro dar-lhe o nome de ato de recomeço, pois aqui, agora, sinto que minha trajetória foi
apagada, ou até salva no arquivo morto do meu subconsciente. Entretanto, nesse
enorme vazio se conforta minha esperança em algo novo e único. Sentindo a fria
solidão da morte percebi que não busco meu fim em si, procuro algo além, meu
começo, meu renascimento. No fim estava minha maior descoberta, a vida, e que
ela seja eterna enquanto dure...
- Eu William Hamlet Julio César
Romeu.
Shakespeare Iludido
Oi, Shakespeare! Espero que seu suicídio tenha sido só metafórico, rs.
ResponderExcluirAchei a ideia do seu texto bem legal e diferente, poucas pessoas escrevem assim. Além disso, ficou bem profundo e me tocou bastante, porque de certa forma eu pude me enxergar nele.
Adolescente emo escrevendo poesia e ouvindo Evanescence? PRESENTE! kkk Toda a metáfora da capa, a coisa do "ato de recomeço", me vi bastante nisso. Na parte quantidade exorbitante de remédios também, se você leu a minha crônica kkk
É sempre bem legal se reconhecer num texto, embora nessa temática possa ser meio assustador kkkk
Não tenho nenhuma crítica a fazer :)
(Como eu sou retardada, voltei pra ler de novo ouvindo Bring Me To Life pq achei que ia dar todo um efeito kkkkk)
Bjs <3