quinta-feira, 4 de abril de 2019

Conversas de ônibus


Pode ser errado, mas amo ouvir as conversas de ônibus (e não me julgue porque eu sei que você também ama). Um dia desses, estava em pé a caminho de casa quando comecei a prestar atenção em duas mulheres que estavam sentadas conversando. Como não sei o nome, vou chamar de Maria e Fernanda. Maria estava contando sobre um cara que ela conheceu numa festa na noite anterior. Ela dizia o quanto ele era engraçado, divertido e lindo. Conversaram a noite toda e acabaram se beijando. Mas, pelo tom culpado e pela forma que ela falava, quase desistindo no meio das frases, percebi que tinha algum problema. Foi quando Fernanda perguntou: Mas e o Thiago?
Maria ficou vermelha e pediu para a amiga não contar nada para ele. Fernanda perguntou se ela estava arrependida e obviamente ela disse que sim. É o que se espera que uma pessoa diga nessa situação. Mesmo que ela tenha gostado ela sabe que trair é errado e nunca diria o contrário. Mas e se nesse caso não fosse tão errado? Era o que ela tentava fazer a amiga e, principalmente, ela mesma acreditar, através de desculpas.
“Eu e o Thiago não estamos numa fase boa”. “Já estava pensando em terminar há um tempo”. “Eu acho que ele também já beijou outra mulher. Ele sempre está com aquela Júlia, aposto que já ficaram”.
Pelas expressões de Fernanda, vi que ela não acreditava em nada daquilo. Ela perguntou se Maria tinha pegado o número dele e a resposta foi um quase inaudível sim. Por que ela pegaria o número de outro cara se ela tem namorado? Foi o que pensei e o que Fernanda perguntou. Mais desculpas vieram. “Ah, mas talvez nós possamos ser amigos”. “Anotei mais por educação”. “Não é nada demais”. “A gente nem deve conversar mesmo”.
Elas se despediram e Fernanda desceu do ônibus. Só então percebi que meu ponto já era o próximo. Comecei a andar mais para perto da porta quando o celular de Maria tocou. Não me contive e olhei para a tela (e não me julgue por isso também, porque eu sei que você já fez a mesma coisa). Uma simples mensagem de oi com uma carinha feliz ao lado. Não havia mensagens anteriores com esse cara chamado Caio. Poderia ser qualquer um, mas percebi que ela ficou uns segundos parada olhando para a tela, em uma mistura de choque e dúvida. Então, ela abriu um sorriso e seus dedos começaram a digitar uma resposta.
Sharpay Evans

4 comentários:

  1. Te entendo TOTALMENTE, Sharpay. Gosto de prestar atenção nas conversas tbm, e na real nem é tão ruim, né? Se é uma pessoa que vc não conhece, não vai virar fofoca, o máximo que pode virar é uma crônica pro blog da aula! Que mal tem?!XD kkkkk

    Então, ali em cima você disse "Como não sei o nome", e acho que na verdade deveria ser no plural, já que eram dois nomes kk
    " Mesmo que ela tenha gostado ela sabe que trair..."
    No meu ver, aqui ficou faltando uma vírgula depois do gostado, e o ideal seria que não houvesse a repetição do pronome.
    Bjs

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  2. Quem nunca, né? Hahaha. Achei interessante a narrativa, me prendeu do começo ao fim. Quanto ao final, o fato de ter ficado um pouco aberto à interpretações me agradou ainda mais. Parabéns! Abraços!

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  3. Achei uma historia bem fluida e gostosa de ler! Uhul!!

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  4. Acredito que o texto tem uma repetição excessiva do pronome pessoal "ela".

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