quarta-feira, 3 de abril de 2019

Cães e Gatos

  A escola serve para aprendermos sobre os fatores básicos da vida social e acadêmica. Entretanto, nem sempre o aprendizado que se preza ou que se cobra nos vestibulares é aquele que fica marcado no seu íntimo. A literatura, por exemplo, é algo magnífico, que te leva a uma infinidade de locais, situações e psiques. De Machado de Assis a Clarice Lispector, passando por ícones internacionais que moldaram a maneira de contar histórias, como o inferno de Dante Alighieri ou os "clássicos modernos" da franquia Harry Potter, essa matéria se torna uma das mais diversas e interessantes.
  Certa aula, ouvi o professor desmentir algo que todos tinham como verdade, algo que chocou boa parte da turma, inclusive eu. Tanto que, após alguns meses, muitos dos meus colegas ainda duvidariam dessa informação e continuariam a se repetir erroneamente. E qual seria essa afirmação, afinal?
  Já ouviu a expressão popular "quem não tem cão, caça com gato"? Então, essa frase teria sofrido uma modificação devido ao sua disseminação verbal. A frase original era "quem não tem cão, caça como gato", fazendo assim uma alusão ao fato de que gatos são exímios caçadores e possuem um instinto de camuflagem, agindo como ladrões, imperceptíveis à vítima. Mesmo sabendo disso, muitos continuaram a repetir o dito da forma popularmente conhecida.
  Decidi que vou levá-lo, caro leitor, a uma situação mais prática. Imagine-se numa floresta densa, onde você pode ouvir o canto dos pássaros e o gotejar, sentir o seu pisar nas folhas secas, a umidade do ar e do solo lamacento. Sozinho. Sem sinal de celular. Você possui um fiel cão farejador, mas infelizmente ele ficou doente e não pode ir nessa caçada contigo. Apenas um mapa e seus apetrechos de sobrevivência. O que você faz? Leva um gato no lugar do cachorro? O felino simplesmente iria te olhar com uma cara de desinteresse, ficar deitado e fazer o que bem entender. Não seria algo prático.
  Então, você decide se tornar comum ao gato, agir como tal. Se transformando num verdadeiro gatuno, um ladrão das sombras, cauteloso. Irá encontrar sua presa, um alce pacato e despreocupado. Ao se aproximar, o ser selvagem começa a desconfiar de seus arredores. O seu instinto felino leva a um salto preciso com a faca na mão. A execução é rápida e indolor. Após isso, levará a comida para casa e seu cachorro ficará feliz em saber que você não depende dele.
  Ainda assim, acho que caçar é algo cruel e que deve ficar só na imaginação mesmo.
Viúva Negra

4 comentários:

  1. CHOCADA estou! Não fazia ideia de que a frase original era assim kkkk
    Então, acho que talvez a reflexão do início sobre literatura e etc poderia ser um pouco menor. Li o título e me interessei, mas esse começo me desanimou um pouco, se estendeu demais sem necessidade, no meu ponto de vista.
    Um bjao e até a estreia de Ultimato ��

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  2. Achei sensacional o tom de humor que deu à proposta. No início estava meio confusa sobre qual a relação que o texto tinha com dissonância cognitiva. Cuidado apenas com explicações desnecessárias.
    Poxa, quero muita saber quem é você na sala, parece ser alguém tão culto.

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  3. É possível perceber que você captou as dicas do professor. A partir do quarto parágrafo há uma criação de imagem bem legal.

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  4. Na minha opinião, o melhor do seu texto foi a possibilidade de uma criação de imagem, como a Jussara Sri Lanka mencionou. Não são todos os textos em que pode se dizer isso. Curti muito, não tenho nenhuma crítica. Bom trabalho! Abraços!

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