quinta-feira, 4 de abril de 2019

Inúmeros tons e algumas velhas fotografias


Estranho fato em minha mente, se tem consciência do erro por qual motivo continua a cometê-lo?
    Ah, Eleonor, tão inocente!  A vida não poderia ser tão simples. Você conseguiria me responder o porquê de alguém dirigir bêbado, mesmo sabendo que é errado sem citar a palavra “idiota”? Você nem se quer consegue responder a si mesma o motivo pelo qual continua com ele. O ele. Ele mesmo, aquele que te faz feliz por um dia e te faz chorar pelo resto da semana.
  Esse provavelmente foi o meu cérebro falando mais alto, em resposta digo que, com toda certeza, sei responder essa pergunta. Eu sei todos os prós e os contras. Sei como ele muda tanto quanto o clima dessa cidade no outono. Ele tem a variedade de tons das estações do ano.  Sei o quão alto ele é capaz de gritar comigo e me mostrar que sim, eu não sou sua prioridade. Mas sei também o quanto o abraço dele me faz sentir em casa.
  Entendam, por favor, eu não estou cega! Eu o amo, mas ainda consigo ver seus atos, sei que sua falta de tempo não é porque o dia com 24 horas é muito curto. Sei bem o motivo pelo qual ele bloqueia o celular quando estou por perto. Mas, novamente, entendam que tê-lo presente – mesmo que por uma fração de tempo – é melhor do que não tê-lo em minha vida em momento algum. Eu gostaria muito de dizer que eu sou forte o suficiente de colocar um ponto final após todos esses anos.
  Entretanto, eu me apego aos prós, a sua forma de pedir desculpa (mesmo sabendo que vai fazer de novo) após alguma briga que ele mesmo causou, me apego a sua forma de sorrir porque ele sabe que mesmo depois de toda dor que me causa, eu continuo voltando. O fato é, ele me tem nas mãos e sabe. É doentio. Não posso evitar. Eu seguro meus sentimentos na aliança que compramos há dois anos, quando o sentimento era recíproco e eu não servia como distração para seu tédio, quando ele a usava o tempo inteiro e não apenas quando estou do seu lado. Mantenho-me calma, afirmando que em algum momento tudo vai voltar a ser como antes.
  Seguro nossas fotografias que guardei, deveria jogá-las fora. Lembro dos momentos e choro porque sua alma esteve presente em alguns desses cenários, realmente presente. Como a que seguro em minhas mãos agora, quando fomos observar o pôr do sol em frente a praia e escolhemos o caminho mais longo na volta, todo tempo do mundo ainda era pouco para nós. Foi a primeira vez que disse que me amava, faz tanto tempo que não escuto isso vindo de sua pessoa. Apego-me agora, ao que você era mesmo sabendo que você já não existe mais. Sabendo que o inverno chegou e com ele o frio, a sua mudança. Você mudou e me mudou. Sinto sua falta. Preciso de você mais do que pode imaginar e não consigo resistir, mas acima de tudo sinto a minha falta!
Eleonor Dummont



2 comentários:

  1. Primeiramente: Se a crônica é baseada na realidade, DESAPEGA DESSE BOY LIXO PQ VC MERECE MTO MAIS DO QUE ISSO, MANA!
    Sequer se escreve junto, vc botou separado ali no segundo parágrafo.
    Em alguns lugares onde você botou vírgulas acho que ficaria melhor se tivessem sido pontos. Por exemplo:
    "...mas ainda consigo ver seus atos. Sei que sua falta de tempo não é porque o dia com 24 horas é muito curto. "
    " ...e escolhemos o caminho mais longo na volta. Todo O tempo do mundo ainda era pouco para nós.
    "Preciso de você mais do que pode imaginar e não consigo resistir. Mas, acima de tudo, sinto a minha falta!"
    Acho que principalmente nessa parte do final, o ponto e as vírgulas dariam um efeito melhor na oralidade pra terminar o texto.
    Bjs

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  2. Todo mundo que já foi vítima de um relacionamento abusivo vai se identificar com o seu texto. Acho que você conseguiu mostrar amplamente como uma pessoa nessa situação se sente. Então, caso seja baseado em fatos reais, estamos aqui por você.
    Minha única crítica é que nos primeiros parágrafos você repetiu o pronome "ele" demais, deixando a oralidade um pouco ruim. Contudo, fora isso, gostei bastante do texto! Abraços!

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