quinta-feira, 22 de março de 2018

Eles sempre voltam

Dia desses vi um filme alemão chamado "Ele está de volta". O filme mostrava, de forma fantasiosa, como Hitler saia dos anos 1940 e era transportado para a Alemanha dos dias atuais. A partir daí, o fascista perpetuava em nossos tempos todas as ideias que ele conseguiu difundir no século XX. Isso não é um spoiler, se aquiete, mas ele conseguia.

Acabei o filme me fazendo a mesma pergunta dos tempos de escola: "Como?". Sabemos que o discurso ideológico de Hitler convenceu muita gente, o que não sabemos dizer é como o povo da época comprou essa ideia, mais inacreditável ainda é imaginar o mesmo se repetindo nos dias de hoje, no tempo dos esclarecidos, dos avançados e desconstruídos.

Passei uma noite pensando nisso. No dia seguinte sai para trabalhar com a conclusão de que era tudo um exagero. Assim como a passagem de Hitler dos anos 1940 para hoje era fantasiosa, a ideia de que ele obteria o mesmo êxito em seus objetivos também era.

No caminho para o trabalho resolvi tomar um café em uma padaria. Na TV do local passava um desses programas matinais que recebe convidados para entrevistas, o convidado do dia era um senador famoso por seus discursos polêmicos e de forte cunho conservador. Eu tenho uma certa vergonha de transcrever o discurso, mas em suma: Ódio, em nome de Deus. Ódio, em nome da instituição familiar.  Ódio, em nome de um tempo da história brasileira que daríamos riquezas para que não tivesse existido. Ódio, em nome de assassinos e torturadores.

Se isso tudo não fosse ruim o bastante, mais perplexo eu fiquei ao perceber que pessoas da padaria ouviam aquilo satisfeitas. Um atendente chegou a chamá-lo de herói.

A realidade passou a me incomodar mais do que a história do filme. A sociedade que se diz a mais evoluída até o seu tempo, a sociedade tecnológica dos esclarecidos e avançados comete os mesmos erros ao invés de aprender com eles. Dizem que a história é cíclica, pois bem, colheremos no nosso tempo o fruto plantado pelos demônios que criamos.

Por Rodrigo M. S.

7 comentários:

  1. Texto muito bem expresso, mostrou bem a realidade em que estamos vivendo!
    Também me revolto muito com esse posicionamento das pessoas e a recusa delas estudarem a história ao invés de dizerem abobrinhas!
    Parabéns pela ótima crônica e ótima crítica!

    Mary-L. P.

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    1. Me alivia o fato da indignação ser coletiva, muito obrigada!

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  2. Crítica social ótima comparando a popularidade de Hitler com as figuras públicas atuais que propagam discursos de ódio.

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  3. Legal é saber que não estamos sozinhos no combate à intolerância e em defesa das minorias. Ótima crônica!

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  4. crítica social muito bem feita. O desfecho está impecável, parabéns.

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