Foi na cidade paraibana de Sapé, terra do poeta Augusto dos Anjos, que nasceu, em 1932, José João dos Santos, mais conhecido como Mestre Azulão. O apelido foi conquistado ainda na infância, quando o garoto aprendera a recitar de cor os versos do cantador pernambucano Sebastião Cândido dos Santos, o Mestre Azulão “original”.
Filho de João Joaquim dos Santos e Severina Ana dos Santos, Azulão se afastou cedo dos estudos por conta do trabalho na roça. A sua formação, no entanto, continuou em sua vizinhança, onde eram promovidas rodas de repente. Os eventos fascinavam o jovem que, aos 11 anos, ganhou sua primeira viola e, pouco depois, se arriscava nos cordéis.
Aos 17 anos, a vida difícil do Nordeste encaminhou Azulão à sina de retirante e o paraibano desembarcou em um dos paus-de-arara que chegavam repletos de nordestinos no bairro carioca de São Cristóvão. Ali, o paraibano trabalhou como peão de obras e porteiro, sem abandonar suas rimas. Ao recitar poesias em canteiros e feiras, o repentista tornou-se reconhecido. Em 1949, apresentou-se na rádio Tupi e, em três anos, iniciou a venda de cordéis, sendo fundador da prática no que seria a Feira de São Cristóvão.
Com mais de 300 obras em sua biografia, Azulão viajou o mundo e teve a oportunidade de conhecer grandes personalidades de sua época, como Juscelino Kubitscheck e Getúlio Vargas. O envolvimento com a política, aliás, o levou ao posto de secretário de cultura do município de Japeri, na Baixada Fluminense, para onde se mudou tão logo conheceu sua esposa, a baiana Celina Lima. Mestre Azulão terminou a vida ao lado de sua segunda mulher, Maria das Neves, que ainda hoje propaga orgulhosamente seu legado.
Por Peripatético Peri.
Texto muito bem construído e escrito, gostei!
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ExcluirNão conhecia ainda essa figura, fico feliz por ter conhecido por esse texto!
ResponderExcluirGostei bastante :)
Mary-Louise Paris
Muito bom conhecer pessoas novas através dessas leituras, bom texto!
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