quinta-feira, 22 de março de 2018

Sociedade Paradoxal

Falam por aí que hoje em dia as pessoas têm mania de imediatismo. Beatriz e Gustavo, ao contrário, talvez não estejam tão antenados no agora, suas mentes têm pressa e desconfiança. Às vezes, se perguntam se o hoje existe mesmo, pois sempre estão ligados no amanhã, no depois e no outro. 

A tremedeira do coração quando recebem uma notícia não esperada traz sensações estranhas, como se o Hulk os enforcasse e subitamente soltasse, deixando marcas e uma sensação de impotência em relação ao mais forte, que pode ser a vida, os problemas, as pessoas ou, simplesmente, o desespero por não saberem com qual roupa ir àquela festa sábado à noite.

Ah, que sociedade paradoxal! Querem para o presente e vivem em função do futuro, carregando o fardo de possíveis situações que podem acontecer ao longo da vida, sem a mínima certeza de que dessa forma será. 

Beatriz diz ser da madrugada, pois ela lhe faz companhia todos os dias. Vive olhando as horas no celular e batendo o pé no chão freneticamente até o ponteiro do relógio parar onde ela esperava. Gustavo não é diferente, mecanizou o caminho da escola para o trabalho. Enfiou na cabeça que tem que estar em casa às 18h37 para fazer o cardápio do dia que a mãe pregou na geladeira semana passada.

Eles querem a qualquer custo decifrar como serão os próximos passos, sentem-se na obrigação de tirar 10 no semestre e acham que vão conseguir enganar suas mentes dizendo a elas “acalmem-se e não interfiram nos nossos corpos e nas nossas relações interpessoais”. Eles só caem em si quando percebem que seus córtices são desobedientes e castigam, além do corpo, a alma.

Todavia, a questão é que, na maioria das vezes, nem eles próprios entendem como a cabeça funciona e sentam em suas camas na expectativa de não bater mais o pé no chão e parar de calcular a rota. Lá ficam o dia. Em vão. 

Beatriz e Gustavo, Maria e João, Matheus e Rafaela, Fulano e Fulana só precisam encontrar o equilíbrio que eles ainda não sabem que têm. O coração correr a São Silvestre é normal, mas só às vezes, meninos!

Por Emma Alfie.

5 comentários:

  1. Meu Deus, estou apaixonada. Emma, eu mal posso esperar pela próxima!

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  2. Me identifiquei tanto, tanto!!
    Ótimo texto, ótima temática, parabéns!

    Mary-L. P.

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  3. Uau. Cê escreve bem, hein? Li três vezes pra ver se realmente tinha entendido tudo, e ainda me ponho nessa crítica hahahaha

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  4. Gostei bastante do texto e gostei da sua proposta mas achei seu texto um pouco confuso. Talvez se tivesse desenvolvido mais seus personagens teria ficado melhor ainda.Enfim amei seu 3° paragrafo parabéns.

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  5. achei diferente de muitas crônicas que já li, o que é muito bom! parabéns!

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