- Não, por quê?
- Sabe aquele comediante Fausto, do programa Hermes e Renato? Ele está com depressão!
- Ah, mas ele vive sorrindo, faz programa de humor... que eu saiba gente depressiva não ri. Esses famosos... adoram virar notícia.
Esse diálogo, o qual eu tive o desprazer de presenciar, aconteceu no dia 30 de abril. Exatamente 3 meses depois, no dia 30 de julho de 2014, Fausto Fanti Jasmin, comediante brasileiro que iniciou a sua carreira no MTV Brasil em 1999, aquele que nos arrancou diversas risadas nas noites de quinta-feira, tirou a sua própria vida aos 35 anos de idade. Sim, aquela pessoa que vivia sorrindo também tinha problemas. Parece que os holofotes colocados sobre os famosos nos cegam. Ficamos totalmente tranquilizados, sem se dar conta de que eles não vivem em um espetáculo 24 horas por dia. Esquecemos que, antes de ser humorista, ele era ser humano.
A verdade é que ser artista pode custar muito caro. Se colocar no papel da contradição humana, saindo de si mesmo para traduzir o intraduzível, pode nos levar a ser um ator o tempo todo. Abrindo, assim, portas para o mundo imaginário de uma vida perfeita. Espero eu que, diante dessa calamitosa morte, seja possível refletir sobre como guiamos as nossas mentes, distraída e silenciosamente, em caminhos que, em algum momento, viram miragens de ruas sem saída. A morte chegou. Agora é tarde. Ele se foi enquanto você dizia que isso era impossível de acontecer, afinal, ele vivia rindo, não é mesmo?
Por Andrea Melo.
Pesado e tocante. Gostei demais de ver mais de você Andrea, muito bom!
ResponderExcluirOs palhaços são sempre os mais tristes... Belo texto!
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