sábado, 13 de outubro de 2018

A LEVEZA DE ANNE


Bateu um vento na minha janela, não foi um vento leve, foi forte. A ventania entrou pela minha janela como se fosse um sopro dentro de uma fita empoeirada que não está funcionando. A ventania entrou, varrendo toda a poeira que habita dentro do quarto de quem vos fala. A ventania entrou, como se fosse deus mandando eu acordar depois de quase apagar no sono estudando. Veja bem, de repente eu levanto minha cabeça e percebo que o vento não só levou embora o meu sono, mas também os livros que estavam em cima da minha mesa. Olho para o chão e vou pegar os livros que caíram. Olhando para aquela pilha de livros no chão de madeira me deparo com o diário de Anne Frank me encarando. Sim cara, o diário de Anne Frank. Minha edição do diário tem uma foto de Anne na capa e por alguns minutos que duraram horas eu  permaneci olhando para ela como se ela estivesse me encarando querendo dizer algo. Sério, vocês já olharam para o rosto de Anne antes ?  Aquela foto em preto e branco da Anne em um sorriso bem tímido parecia que estava querendo me dizer algo, algo como o olhar daquele melhor amigo que só você entende o que ele está querendo dizer, sabe ? Veja bem, depois de ler o diário de Anne, todos temos a sensação de que a conhecemos tão bem como conhecemos nossos melhores amigos, essa sensação habita em mim até hoje. E aquele olhar da Anne me olhando foi tão sincero quanto um consolo de um melhor amigo. Diante do momento em que estamos passando lembrei de todo desanimo e descrença que estou tendo em relação a onda de violência e intolerância que tomou conta de nossa sociedade. Aquele sorriso parecia que estava querendo me consolar, um olhar de "calma, vai ficar tudo bem". De repente, enquanto estava olhando para Anne veio instantaneamente uma frase dela na minha cabeça, que quando li pela primeira vez em seu diário me marcou bastante "Apesar de tudo eu ainda creio na bondade humana" Veja bem, uma menina que estava vivendo na pele um dos momentos mais cruéis de nossa história. Escondida em um porão e  passando por cada situação adversa que não seriamos capaz de imaginar, com todo seu sofrimento, bradou um sopro enorme de esperança. E de repente, uma lágrima tão pesada nunca caiu de maneira tão leve no meu rosto. Obrigado por mais um entre os milhares de ensinamentos Anne, seguiremos crendo na bondade humana. 
 
 Pierrot

4 comentários:

  1. Construção do texto e associação com o livro e a história muito bem realizadas. Objetivo de repassar sensações muito bem atingido.

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  2. UAU! Adorei o texto. Inicialmente fiquei confusa por não ter uma estrutura com parágrafos, mas isso não impediu que o texto ficasse bom. A utilização do diário de Anne Frank e uma de suas citações, conectou todo texto a ideia do que quis passar. Se na Anne acreditava na humanidade naquela época, em meio ao caos, só nos resta acreditar também. [?]

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  3. Muito bom. O texto é bem construído e adorei a referência ao diário de Anne Frank.

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  4. deu vontade de ler esse livro de novo ahahahahah. Muito bom, realmente precisamos ter a esperança de Anne pra vida.

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