domingo, 28 de outubro de 2018

Até agora

Confesso não me lembrar de escrever crônicas antes de nossas aulas. Talvez tenha
acontecido uma ou duas vezes no ensino fundamental, realmente não me recordo. O
foco da minha escola era que aprendêssemos a fazer dissertação argumentativa, já que é
o exigido pelo ENEM. Portanto, aprendi aquela forma engessada, passei e cá estou. A
cada semana, tenho que me aventurar e me desafiar na escrita. Alguns temas são mais
fáceis, os textos saem naturalmente. Outros já exigiram um esforço maior e ainda têm
aqueles que, infelizmente, saíram.
Na primeira, tivemos que escrever sobre um artista sem citar seu nome. Como o assunto
“Copa do mundo de 2018” ainda estava fresquinho, resolvi falar de uma grande
jogadora – Marta. Talvez por ser a primeira crônica, foi uma das que me exigiu certo
esforço e, ainda assim, não me deixou satisfeita. Logo depois, tivemos que falar sobre
um trauma e, ao ouvir o tema, eu sabia exatamente sobre o falar. Sabia exatamente a
história com que todos se comoveriam, mas o texto não saiu... Talvez tivesse que ter me
esforçado mais. Talvez me fizesse bem dividi-lo com outras pessoas, mas, naquele
momento, não consegui. Tivemos também que falar sobre sonhos e os meus sempre têm
relação com a minha vida real. Então, foi fácil associar o sonho que tive, na noite de
quarta-feira, com o que estava acontecendo em minha vida. Falamos três vezes sobre o
nosso cenário político, sobre o presidenciável que nos negamos a falar o nome, o
“coiso”. Em meio a tamanha tristeza que eu sentia pós segundo turno, não consegui
escrever um dos textos sobre ele. Não queria falar sobre política novamente, as brigas
em casa por conta disso haviam sugado toda minha energia. Mas me recuperei e escrevi
justamente a crônica onde nos colocamos no lugar de um eleitor do “coiso”. Nos
colocamos no lugar dos nossos pais, tios, primos, vizinhos. Foi um grande exercício de
empatia. E agora estamos recuperando os sentimentos que as crônicas escritas até aqui
nos despertaram.
É um fato que todas as crônicas nos despertam algum sentimento, mesmo aquelas que
ficaram só na imaginação e não foram colocadas no papel. Venho percebendo o quão
gostoso é dedicar um momento para criar ou apenas relatar histórias da melhor maneira
possível. É ótimo poder escrever o que pensamos sobre diversos assuntos, aprendendo a
usar as palavras, os sinais de pontuação, os inúmeros recursos textuais. Apesar disso,
acredito que faça parte não ter ideia do que escrever em algumas semanas, pensar
“nossa, que tema chato” em outras, às vezes, realmente desistir de alguns textos. Ou
talvez eu só esteja falando isso para tentar me sentir menos culpada pelos que eu não
fiz. O que eu sei é que tem sido muito gostoso esse exercício de me aventurar e me
superar.

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Cecília Meireles


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