Caros colegas de classe, começo essa crônica mostrando como me sinto essa semana. Ansiedade, desconforto, só um assunto nos cerca. Eu pego uma carona no fim das nossas aulas para voltar pra minha casa e as pessoas só falam do mesmo futuro sombrio que nos aguarda. Nesse momento, tento parar e refletir sobre os textos que já escrevi e compartilhei aqui. Principalmente sobre esse assunto frequente, eu já cheguei a passar semanas acessando sem parar o perfil de um dos tios que conseguiu que eu o excluísse de vez. Tentei pensar como ele, escrever os absurdos que eu escutei em dias de feriados na casa da tia que gosto tanto. Mas é difícil. Vejam bem, não queria viver uma bolha, mas cada publicação e textão com um tom de superioridade me choca e me magoa. É triste quando alguém que deveria ser nossa base representa o ódio e a falta de compreensão quanto a dor do outro. Em outra crônica sobre o presidenciável militar afirmei que me falta esperança nos resultados dessas eleições e sinceramente acredito que não sou a única. Agora, vejo olhares cansados dos meus amigos e sinto medo de ir nas ruas representando tudo o que acredito. Cada palavra digitada aqui já foi um desabafo em certas semanas. No início do período, escolhi compartilhar um dos momentos de angústia que já presenciei com apenas 12 anos. Acreditem, aquele verão me marcou a ponto de nunca ser tratado como o mesmo e nunca mais ser esquecido. Tinha tudo o que aconteceu como um segredo. Apenas tive coragem de contar anos e anos depois. E não fui a única, outras pessoas aqui me mostraram que isso foi recorrente. No entanto, semana passada optei escrever sobre um amor. Já me sentia esgotada em pensar no contexto caótico que estamos. Descrevi uma manhã calma, de carinho e admiração que me fez tranquila, confortável e consegui me sentir melhor ao lembra-lá e ao escrever cada detalhe. Talvez, em algum momento, nós todos possamos escrever aqui de forma leve de novo, sem pensar no que se aproxima. Como na primeira crônica, que falamos de artistas, onde eu optei escrever sobre uma cantora que tanto gosto, que é considerada uma diva pop, lembro-me de destacar a música em que na letra não importa sua orientação sexual, gênero ou cor, o amor próprio dever ser presente a qualquer momento. Ou quando retratamos sonhos, onde vi grande humor por muitos e eu fui responsável de mostrar uma forma descontraída um momento que deveria ser mais discutido abertamente, sem falar das minhas cismas, que volta e meia aparecem de novo. Mas pra falar verdade acredito que um dia tudo volte a ser como era, sem preocupações. Eu espero... Espero que dê tempo. Ainda quero escrever muito.
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