domingo, 28 de outubro de 2018

Sobre Todas Elas

Já passava da meia-noite quando comecei a escreve-la. Estava nervosa pois era a
primeira, e não tinha muita noção do colocar nela, até que tive um estalo e percebi:
Porque não falar de alguém que contribuiu na minha decisão de fazer jornalismo? Ela
não possui título, mas é uma das minhas favoritas. Fala sobre sentimentos, infância,
ditadura e de anseios da juventude. E é engraçado como mudei. O medo que me invadia
na crônica da primeira semana não fez morada. Hoje, ele já não existe mais.
Em meio a sala escura eu digitava as palavras mais difíceis que escrevi. Sóis, mãos,
coxas, olhos e cheiro de Whisky. Foi a minha segunda. Um trauma que não é meu, mas
me afetou tanto que me dá arrepios até hoje quando lembro do som da voz de umas das
pessoas que mais amo nessa vida ao dizer ‘’ Ele abusou de mim ‘’. Crua e ríspida. Mas
com um final feliz, que também aconteceu na vida real.
Sonhos. A terceira. Foi a mais fácil de ser escrita, o sonho que mais tive na vida pôde
virar uma crônica leve e divertida. Além do mais, quem não gosta de sonhos,
superstições e bebês?
A quarta, foi escrita em uma quarta-feira. Não sabia o que escrever sobre o tema, pois o
que não saia da minha cabeça eram as coisas que queria me lembrar, caso algo
acontecesse. E foi assim, que minha lista de coisas para eu não esquecer foi feita. Ela é
especial para mim pois significa tudo aquilo pelo o qual passamos, e se tornou um
mantra na minha vida.
Aquele que não deve ser nomeado foi o tema das próximas duas. Cartas, não me
lembrava da última vez que tinha escrito uma, ainda mais sobre algo que me afeta. E
nossa, como a primeira me afetou. Foi difícil descrever os medos, sentimentos e a
sensação de revolta nela, principalmente, porque foi preciso dedica-la a uma pessoa
conhecida. Escrever para responder como se fosse essa pessoa, que um dia foi muito
querida, me obrigou a olhar ao redor com outros olhos. Mas logo, voltei aos meus
próprios. Eu não queria ver o mundo daquele jeito, jamais.
Infelizmente, não fui atingida pela ‘’Leveza de Gabriel’’ e não consegui escrever sobre
o último tema. Mas cá estou eu, com um sorriso no rosto e uma mão dormente,
digitando essa crônica sobre crônicas e percebendo que, a leveza que deveria ter
aparecido semanas atrás, finalmente chegou.

Cigana Oblíqua e Dissimulada 47

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