terça-feira, 16 de outubro de 2018

Oi...

Pensei no que eu deveria estar te chamando no começo dessa carta, mas eu diria que a dificuldade vem pela falta de contato que temos. Há tempos penso em como te contatar, além da incerteza se posso te chamar de vó. 

Além, gostaria de saber como estão as coisas por aí. Fico imaginando se sua pele já acompanha os anos e se seu coração envelhece. Se no chuveirão lá de trás, perto do pé de carambola, ainda estão minha infância e felicidades. Posso querer saber, também, a receita daquela baba de chocolate. Que saudade do nosso fim de tarde. 

Há tempos o ódio me consumia, mas hoje escrevo aqui como uma criança que só quer saber porque brigou com aquele colega, como se o estopim fosse aquele +4 no Uno. Sei os motivos mas não os quero nem os aceito. 

O tempo passou e possivelmente foi por isso que aprendi a lidar com a falta. Não que  algumas lágrimas, as vezes, não sejam descartadas, mas já não te desprezo mais. Sinto saudade das férias na sua cidade litorânea na região dos lagos. Do bronze em minha pele que reluzia o seu cheiro e sua amizade. 

Gostaria muito de poder marcar aquele café da tarde regado na mesa da sua cozinha, onde tenho certeza que a maresia pode trazer a maré mansa pra uma reconciliação. 

Até lá fico na dúvida se pensa em mim quando sente falta de um aconchego familiar, mas tenha certeza que um dia já foi um lar pra mim. 


Alaska Pett

6 comentários:

  1. passou muito bem o sentimento de saudade, gostei bastante!!!

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  2. A crônica está muito boa. A alusão ao passado, diante da imagem formada da sua vó, se é que podemos chamar assim, foi feita de uma maneira sutil, de modo que me fez entender facilmente a comparação entre seu envelhecimento. Sobre o Uno, muito bom! Trouxe levemente o humor, embora a crônica seja marcada por um imenso sentimento de saudade, eu espero que vocês possam se reencontrar e passar um tempo juntas/juntos, mesmo que seja só para tomar um café.

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  3. você conseguiu acertar muito bem o tom! parabéns.

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  4. ahahahahah adorei a parte do Uno. Curti a crônica, a saudade transpareceu pelo texto.

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  5. Adorei a crônica! Eu me senti representada porque sou muito apegada a minha infância.

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