sábado, 13 de outubro de 2018

Quem avisa amigo é

Um amigo meu me disse certa vez que de olho por olho o mundo acabará cego. O que
ele não sabia era que a cegueira já havia chegado há muito tempo. As ondas de ódio,
agressões físicas e verbais são a prova de que estamos doentes. Não há para onde correr,
amigo, ser racista virou moda, bater em gay e mulher virou moda, apoiar candidato
fascista virou moda.
A sociedade voltou ao seu estado de caos e barbárie, mas o que estão do lado da
desordem mal enxergam o que realmente acontece, estão escondidos sob o véu da
prepotência e da teimosia. “É mentira, ele nunca disse isso, os ataques nada têm a ver
com esse candidato”. Pois bem, meu amigo também me disse que o pior cego é aquele
que não quer enxergar, e vemos que hoje em dia as pessoas não querem nem se dar ao
trabalho de comprar um óculos. Enfim, chega de metáforas, precisamos de fatos e
precisamos de resistência. Uma grande escritora percebeu que filosofia de periferia era
chão limpo, chão limpo de sangue. As fronteiras, porém, acabaram, a filosofia da
periferia mudou-se para a rua. A resistência do Mestre moa custou12 facadas, a
resistência de Marielle custou 4 tiros, e isso porque eu não mencionei o Anderson.
Marcus Vinícius? Presente, não teve nem tempo de voltar da escola, foi alvejado sem
saber de nada, é isso que acontece quando a repressão passa a ser mais importante que a
educação. Apenas 14 anos de idade, tantos sonhos de uma vida cortada em seu auge.
Agora, o cara que atira primeiro e pergunta depois está quase lá na presidência. Vocês
deram red bull à cobra. Ele continua atacando, aliás também foi atacado, esfaqueado, ué
mas não é essa a lógica? Não, esse bate-rebate precisa acabar, o rapaz dos cabelos
ruivos e olhos roxos que aparece em um desenho japonês na hora do almoço do seu
filho falou que esse ciclo de ódio não tem fim, ele estava certo, mas cabe a nós tentar
mudá-lo.
Cabe a nós a mudança, pois sem empatia e leveza, sim a leveza de Gabriel, não há
perseverança e sem perseverança as coisas continuarão do jeito que estão, até não sobrar
nem mais um olho do ditado para ser arrancado.

Rômulo Zaragoza

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