São 22:45 de uma sexta-feira, recebo a última mensagem dele. Na manhã seguinte, pego o avião de volta ao Brasil. Tivemos uma coisa à toa, mais um desencontro do que um encontro, e eu nem tinha levado muito a sério. Estava mais a fim de curtir, interagir e aproveitar a minha viagem. Pelo menos, foi isso que pensei até botar meus pés no avião.
Não sei o que aconteceu no meu inconsciente. Parece que toda a vontade que eu tinha de permanecer em Toronto por mais alguns meses canalizou na figura dele. As lágrimas por deixar a cidade pela qual me apaixonei se transformaram em dor e vazio por ter deixado uma parte de mim lá. E se ele fosse o amor da minha vida? O que estava pensando? Nunca acreditei em amor, quanto mais em amor da vida. Queria trabalhar, viajar ao redor do mundo, morar sozinha, ser independente.
Foram 10 horas e meia de viagem. Assisti a três filmes, não gostei de nenhum. O problema não era os filmes, tenho certeza, mas como fui de cinéfila a não conseguir gostar de filme nenhum (ainda mais esses blockbusters que fica todo mundo comentando nas redes sociais, que preguiça), não fez tanta diferença. Chorei bastante, senti um vazio jamais experimentado antes. Me perguntava o que aquelas pessoas, entre brasileiros e estrangeiros, estavam pensando. Acho que foram as 10 horas e meia mais longas da minha vida.
Quando cheguei ao meu país, senti um alívio: “Agora, vou poder chorar na minha cama”, pensei. Nela, não fiquei uma semana ou um mês, mas meses, quase um ano. Ainda tentei uma conversa, após ter visto uma postagem em que ele dizia estar esperando por mim, mas tudo que consegui foi uma resposta vazia seguida de silêncio.
O jeito como nos conhecemos e a falta de perspectivas na volta para casa fizeram com que eu romantizasse muito esse desencontro. Não sei se ele foi babaca, como alguns amigos disseram. Entendo seu lado, eu também não pensei bem nas consequências e no futuro daquela situação. Mas sei que ele não foi tão legal comigo, e que, com certeza, não é o melhor para mim.
Por muito tempo, pensei que não me interessaria por mais ninguém, e só conseguiria seguir em frente após voltar para Toronto e reencontrá-lo, nem que fosse para ver que ele estava com outra e nem lembrava mais que eu existia. Assim, pelo menos, daria um ponto final a essa história. Descobri, no entanto, que nem toda história tem que ter fim. Por meses, voltar para ele era tudo que desejava, isso se tornou minha razão de existir. Agora, ele é só uma lembrança.
Já ouviram falar da lenda da linha vermelha? Segundo essa lenda, duas pessoas que estão unidas pela mesma linha vermelha, amarrada no dedo, estão destinadas a se conhecer e, em muitos casos, se apaixonar. É aquela velha história de almas gêmeas. Eu, que não sou muito de romances, fui me apaixonar tão longe do meu país, por uma pessoa que nasceu mais longe ainda, do outro lado do mundo, que acabei acreditando em tudo isso. Acreditei que iríamos nos reencontrar, pois estávamos destinados a ficar juntos. Hoje, após ter me apaixonado de novo, por outra pessoa que mora distante, e que conheci numa situação mais inusitada ainda, acredito que sim, nós estamos destinados a conhecer todas as pessoas que entram em nossas vidas. Elas vão chegar, nos fazer refletir, nos bagunçar, mudar nossas perspectivas, nosso jeito de nos enxergarmos e enxergarmos o mundo (pelo menos, foi o que aconteceu comigo), mas isso não significa que elas estão destinadas a ficar ao nosso lado, pelo resto de nossas vidas. Após essa experiência, tudo que sei é que eu precisava encontrá-lo, e talvez ele precisasse me encontrar também. Agora, espero que ambos sejamos felizes. Ainda não cheguei lá, mas estou tentando, porque isso se tornou meu principal objetivo de vida. Espero que ele esteja tentando também.
Por Kunta Boyd.
Awwwnn, a lenda do fio vermelho! <333 Adorei a referência <3333 Achei o texto bem criativo,parabéns!!
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