sexta-feira, 8 de junho de 2018

Um convite para ser minha

Um convite para ser minha

Ouçam agora uma história que é o meu passado, mas talvez o presente de muitos de vocês, é por isso que peço que permaneçam em absoluto silêncio. Agora, posso iniciar dizendo que eu não sabia o que era o amor, na verdade, ainda sou uma frágil aprendiz. Sempre o evitei, por medo talvez ou por não saber como amar. O meu amor, o meu miserável amor, era por ele, somente ele. Tudo era ele, meu dia era bom com ele e eu era toda dele. A minha mente reconhecia a sua chegada toda vez, mas era o meu corpo quem implorava a sua permanência. Ele era a minha droga, era a abstinência que eu sentia toda vez que ia embora. Não sabia da força da minha fragilidade e jamais pensaria que ele era quem a reforçava todos os dias.

A minha insegurança era calada pelo meu desejo. Desejo de tê-lo, não só ali, mas todos os dias, todas as horas. O seu corpo e o meu corpo eram para mim a combinação que eu sempre quis e para ele? Comodidade. Eu era a sua comodidade, a qual sempre tinha um horário disponível para matar a sede das suas vontades. E quando eu pensava em não o desejar mais, meu corpo queimava implorando pela sua volta. A minha inconsciência o obedecia e eu me agredia toda vez que submetia todo o meu amor e desejo a ele.  

Mas hoje, sinto dizer que não o amo e nem o desejo mais. Outro amor, o próprio, veio à tona, não soube lidar na chegada dele, mas me ergui e agora digo a vocês que me desejo em outras medidas diferentes das que eu o desejava. Sou completamente minha, jamais dele.  

   Ele é quando dizem que é
   Ele diz o que manda ser dito
   Jamais compreende
   Mas veio em busca de algo
   Disse que é o amor
   O refúgio do pensar
   Mas como encontrará
   Se o homem é o reflexo do viver
   E se amor nunca teve
   Quando se deparar
   Não vai saber lidar
   Por isso,
   Chora.
   Grita.
   Despia-se em desespero
   Já não mais sóbrio, dirigindo-se ao ópio
   Busca entre os que têm amor
   Apenas a resposta
   De como se ama a si próprio.

Por Ermyniana Valente.

2 comentários:

  1. Que tiro! Amor próprio é o novo preto meninas, vamos usar!!! Que construção textual interessante e cativante. Amei <3

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  2. Adorei a construção do texto!Parabéns!!

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