O sol e a lua

Se eu soubesse que naquele 30 de julho de 2017 minha vida iria mudar completamente eu teria me preparado para isso. Ou pelo menos tentado. Esse foi o dia que eu a conheci, uma menina tão linda por fora e por dentro que acho que fui atraído por sua energia antes de ser atraído por sua beleza. Sempre gostei de compará-la ao sol, com toda sua maestria e seu brilho essencial na minha vida. Cabelos quentes, olhar forte e seguro e um sorriso que me faz sonhar até hoje. Eu não sabia na época, mas já estava apaixonado.

Tivemos nossa história, fomos um casal dito por muitos como "a meta de vida". Como o sol e a lua, ela era importante para mim, que eu no papel de lua ficava mais bonito com seu brilho. Ah, a vida era boa, mas como sempre digo, a minha vida é uma série de fracassos e tristezas com breves intervalos de felicidade. E essa relação foi o melhor intervalo de todos. Pena que após as coisas boas, as ruins chegam numa avalanche mortal. O meu brilho do sol foi apagado.

Nossos caminhos se separaram, ela decidiu traçar novas rotas e eu escolhi respeitar sua decisão, contrariando todas as vontades do meu coração. A minha mente quer cuidar de mim, mas meus sentimentos não deixam. Quando penso que estou bem, ouço uma música que a lembra, vejo um filme que assistimos juntos e, mesmo sendo de terror, fico triste ao rever sem ela. Sinto raiva na maior parte do tempo por estar assim, me tornei algo que nunca fui antes de a conhecer, sentindo coisas que não sei se voltarei a sentir por alguém. Eu preciso seguir, preciso esquecer. Eu desejo esquecer.

O tempo vai passando e eu vou me sentindo melhor, consigo passar dias sem pensar nela. Mas basta uma música, uma frase, uma foto em rede social, um tema de crônica surgir para que o sentimento e a dor voltem fortes como no meu primeiro dia sem essa garota. Espero pela fase que vou entender o porquê de estar passando isso. Anseio pelo dia que meu desejo de te esquecer se torne realidade, que eu fique bem de novo sem precisar fingir nada, que eu volte a encontrar a paz e o amor outra vez.

Saio para beber todo fim de semana, beijo outras bocas, cometo loucuras e idiotices, tudo movido ao desejo de esquecer. Se eu falar que faço tudo isso porque quero estaria mentindo. Quando se prova do amor verdadeiro, essas coisas banais sem ele se tornam sem graça. Eu não veria motivação para fazer se não fosse para camuflar o que sinto e quero esquecer. Podem me julgar, eu também me julgo, acho isso errado e o meu eu antes do dia 30 de julho de 2017 também julgaria alguém nessa situação. Mas ele não entendia o amor ainda, era um jovem imaturo que achava que conhecia os segredos da vida. Doce ilusão que só me faz afirmar o que disse na minha crônica "A ignorância é uma bênção". Ignorantes são felizes.

O sentimento mais forte e puro que podemos sentir me mudou para melhor, mesmo me machucando muito. Aprendi muitas coisas, e principalmente aprendi que ainda tenho muito que aprender. Eu desejo aprender mais, tentar mais, ficar bem com o meu lado apaixonado e entregue ao amor que escolhi esconder. 

Pode-se dizer que eu desejo muitas coisas em relação a ela, o principal eu diria é que desejo esquecer e superar, como descrevi ao decorrer da crônica. Mas olha só como a vida é engraçada, enquanto escrevo isso o meu vizinho coloca no volume alto uma poesia acústica que me faz lembrar meus bons tempos com ela. Eu posso ter mentido para vocês e tentado mentir para mim escrevendo tudo isso, mas acaba de sair das profundezas do meu coração o meu verdadeiro desejo, que é tê-la de volta.

Gostaria de desejar não a desejar mais, mas isso já está fora do meu alcance. Assim como a lua, eu preciso do meu sol de volta, eu preciso voltar a brilhar, não sei se consigo sozinho. "Quem é que tem coragem pra falar de amor? Quem é que tem coragem de ser o que não é?". Felizmente ou infelizmente, quem manda na gente é o coração, não tem jeito. 

Por Ninguém.