sexta-feira, 15 de junho de 2018

SOB A LUZ DO LUAR

Pouco nos conhecíamos. Já tínhamos tido algumas rasas conversas, dessas nas quais ambos ainda não haviam realmente se permitido mostrar quem éramos. Havíamos nos escolhido em meio a uma imensidão de rostos e corpos, naquele vasto universo de pessoas se oferecendo as outras fomos interligados.

Em poucos dias nos vimos. Nossa primeira troca de olhares denunciou nossa inabilidade para encontros do tipo, mas em poucas conversas o nervosismo fora embora e deixara apenas o desejo.  A cada nova sílaba dita em cada uma das diversas palavras trocadas nos emergia mais naquela atmosfera. Cada sorriso, cada risada nos momentos de descontração, cada olhar nos pequenos segundos de silêncio, cada palavra dita denunciava nosso desejo. Naquele momento já estávamos entregues. 

Enquanto conversávamos nos dirigíamos a orla. Naquele local, comum ao dois estudantes de solo niteroiense, encostamos em uma das diversas árvores de tal belo local e observamos a lua. Majestosamente ela se opunha a aquele imenso mar. Aquele era o lugar perfeito para aprecia-la, seu encanto cortava a escuridão da noite em belos tons prateados.

E sob a vigilância da lua, meu companheiro me tocou pela primeira vez. Ao sentir seu leve toque sobre meu braço percebi que aquele era o momento. Já não restavam palavras e nossa excitação nos dominava. O toque de nossos lábios era intenso, como se devêssemos aproveitar aquele momento como o último. Naquela breve eternidade nossos corpos se tornavam um só.

Os toques gradualmente evoluíam, e a cada nova área descoberta nossa libido implorava para mais. Ali, com nossas pernas entrelaçadas, a evolução dos toques aumentava e nossos corpos imploravam para mais. Nossas mãos adentravam camisas, calças e qualquer veste que nos impedia de nos sentir. Em pouco tempo sentíamos nossos membros mais íntimos tomados pelo outro. Nossos movimentos de ida e volta se tornavam mais constantes e por pouco não gritávamos  de excitação.

Uma festa acontecia durante nossa entrega. Pessoas passavam, DJs tocavam, jovens se beijavam próximos a nós...mas não importava. Aquele era o nosso momento. Aquela era nossa eternidade. Naquele momento apenas nós dois existíamos.

Embriagados de nossos próprios apetites, aquela bela orla já não era suficiente. Sem pensar encontramos o primeiro local no qual pudéssemos consumar nossa conexão. E ali aconteceu. Nos entregamos completamente. Nos preenchemos do mais ardente desejo que nos tomava. Eu o sentia em mim. Ele me sentia nele. Os toques se tornavam mais ásperos, mais profundos e o mais interno vazio em nossas almas fora preenchido ali. Aquele banheiro naquele momento se tornou nosso palácio.

E mesmo ali eu conseguia ver a lua. Naquela pequena janela lá estava ela, com sua clara imponência em meio a escuridão. Ela nos vigiava.

Não tenho palavras para descrever tal acontecimento. Não consigo entender como dois estranhos puderam se sintonizar tão fortemente nesse pequeno tempo. Nunca mais senti aquilo. Naquele momento me senti grande. Me senti pleno. Me senti imponente.
Naquele momento me senti como a lua.

Por JON LUVON.

3 comentários:

  1. Impactada seria a palavra mais rasa pra dizer o meu estado agora. Socorro, você é o senhor das metáforas. Que história. As últimas frases: "Naquele momento me senti grande. Me senti pleno. Me senti imponente.
    Naquele momento me senti como a lua."
    Arrebatador.

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  2. EU TÔ CHOCADA COM A DESCRIÇÃO!!!! Ai, eu amei a delicadeza que descreveu a cena priorizando os seus sentimentos! Bela comparação com a Lua também. Congratsss <3

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  3. quando li essa frase: "Embriagados de nossos próprios apetites, aquela bela orla já não era suficiente." precisei parar para respirar. QUE CRÔNICA! Amei a leveza e sensualidade da escrita. Ficou lindo, parabéns!

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