sábado, 3 de junho de 2017

Foi um prazer te conhecer, Alberto.

Na tranquilidade da natureza, mesmo depois de 20 anos, com os pés no chão, na terra, na grama verde, nas reservas naturais, sua mente se perdia para outro lugar. Do verde ao cinza, do concreto ao incerto: Da biologia ao fotojornalismo. Duas décadas de profissão e um novo início em 2016. A movimentação intensa de Brasília o despertou. Acabou a calmaria. Naquele momento, acabou a calmaria para Alberto e para o Brasil. Do chão irregular das folhas e raízes ao irregular do concreto rachado, foi em busca daquilo que sempre esteve presente mesmo quando estava cercado de ar puro. A fotografia, antes pessoal, amadora, virou profissional. 
A câmera para ele sempre funcionou como uma extensão de como sua mente funciona, sua memória fotográfica se complementava às fotografias que tirava e, hoje, mais ainda. Agora migra do silêncio e tranquilidade para o barulho, movimento e sons altos. O canto das aves foi substituído muitas vezes por bombas, explosões, gritos. Mas, incrivelmente, Alberto não sente saudade da biologia e seus olhos brilham ao falar da nova profissão. Contando das aventuras desse pouco tempo de fotojornalista, se empolga, gesticula e dá risadas. A risada alta e escandalosa contrasta a voz suave e serena de Alberto. Quando se anima repentinamente com algo divertido, bate uma palma e ri ainda mais.  
Mas além de fotojornalista, Alberto é ser humano, crítico, curioso e observador. Às vezes larga a câmera para ajudar alguém e abre mão de uma foto pelo outro. Outras vezes, corajoso, não só pelos esportes radicais que pratica, não se amedronta ao fotografar em conflitos. Com ideais fortes de justiça social, não se esconde nas fotos que tira. Ao contrário, expõe, exibe e deixa claro o que pensa. Muito disso se deve à melhor herança que poderia receber do pai: ele não acredita em felicidade individual e sim em felicidade coletiva. Sonhador, escutou diversas vezes que deveria colocar os pés no chão, mas o que Alberto poderia fazer? Ele costuma dizer que coloca seus sonhos na terra e seus pés nas nuvens. Agora, sem escritórios que o aprisione e o impeça de tirar seus pés do chão, Alberto se sente grato por exercer um ato de luta; desta vez não só pela natureza. 
Meio humano, meio máquina fotográfica, meio calmo, meio elétrico e falante; Alberto é opinião e compreensão, é risada escandalosa e tom baixo. É um grande antônimo, é risco e sonho. É coragem e transporta todo o seu eu e suas ideias em imagens. Acredita no que faz e na escolha que fez.
Foram só duas horas de conversa, Alberto, mas foi um prazer. Prazer em te conhecer.

Sunny

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